Uma operação realizada ontem pela Polícia Civil nas cidades de Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa resultou em 12 prisões temporárias (nove homens e três mulheres) de suspeitos de integrar o crime organizado. Eles são acusados de envolvimento em assassinatos, tráfico de drogas e ocultação de corpos de vítimas de execuções.
Ao apresentar o resultado da operação, a Polícia Civil ressaltou que, embora as investigações ocorram desde outubro de 2018, trata-se de um trabalho que está começando e sem prazo para acabar, pois a ação do crime organizado no País está comparável aos das máfias mais conhecidas do mundo.
Um dos suspeitos presos seria na organização criminosa um dos chamados “jet”, que é o responsável de decidir a sentença, normalmente capital, de alguma vítima submetida aos chamados “tribunais do crime”.
Os delegados José Luiz Joveli, Seccional de Americana, e Luís Carlos Gazarini, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), apresentaram em entrevista coletiva à imprensa o resultado da operação, adiantando que não podiam passar detalhes das investigações, pois envolverem criminosos de alta periculosidade.
Ao menos um dos presos estaria diretamente envolvido em uma execução e um outro assassinato só não foi concretizado porque a vítima teria conseguido fugir do local em que era mantida refém e receberia a sentença. “Os crimes envolvem diferentes cidades muito próximas na região, não podemos dizer os locais para não expor pessoas em risco”, disse um dos delegados.
Além de cumprirem 11 dos 12 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça, os policiais de Americana, que tiveram apoio de equipes de Operações Especiais e do SAT (Serviço Aerotático), com o helicóptero Pelicano, cumpriram 43 mandados de busca e apreensão nas três cidades, que resultaram em apreensão de uma arma de fogo, um simulacro, oito aparelhos de telefones celulares, dezenas de munições, além de porções de entorpecentes, como pasta base de cocaína, maconha e crack.
Segundo a Polícia Civil, todos os suspeitos são investigados por organização criminosa, pois as investigações indicam participação direta nos chamados “tribunais do crime”, seja em execuções, ceder imóveis para cárcere ou na ocultação de cadáveres, alguns sequer localizados após as execuções.
A operação foi batizada de “Jus Puniendi” (direito de punir, em latim), em alusão que este direito cabe ao Estado e não à clandestinidade do crime organizado.
“Ressalto: é uma investigação que podemos dizer que está começando, sem prazo para terminar e certamente teremos outras operações”, disse o delegado DIG de Americana.
A Polícia Civil investiga ligações dos suspeitos com esquemas de distribuição de drogas para a região de Americana com conexões com Guarulhos (SP) e o Estado do Mato Grosso Sul. O que indicou isso, segundo a Polícia, foi uma investigação ocorrida em 2016, onde chegou-se à informação de que grandes carregamentos de cocaína viriam de Guarulhos para a região.
