Uns preferiram exaltar a corrida de Lewis Hamilton, que chegou a ser chamado de “Schumilton” [trocadilho com o nome do ex-piloto Michael Schumacher], mas o grande alvo da imprensa italiana após a derrota da Ferrari no GP de Monza foi Sebastian Vettel.
O alemão, que se tocou com o inglês ainda na primeira volta e chegou em quarto depois de cair para o fundo do pelotão em uma corrida na qual a Scuderia era favorita, foi chamado de o “elo frágil” do time.
A perda de paciência dos italianos em relação a seu piloto tem explicação: apesar da disputa entre Mercedes e Ferrari estar bastante equilibrada desde o início do ano, o carro italiano é ligeiramente superior e cresceu muito nas últimas etapas.
Mesmo assim, Vettel não tem conseguido capitalizar. Após erros na Itália, na França -quando se chocou com Valtteri Bottas também na primeira volta- e na Alemanha -quando bateu sozinho enquanto liderava-, o tetracampeão viu Hamilton capitalizar e abrir 30 pontos de vantagem na ponta, o equivalente a mais de uma vitória. O inglês tem feito um campeonato muito consistente, sem erros graves até aqui.
A derrota em Monza foi particularmente dolorosa para a Ferrari, uma vez que o time era apontado como franco favorito e tinha fechado a primeira fila na classificação, com Kimi Raikkonen na pole. Como o ritmo de corrida do carro italiano também era superior às Mercedes, seria a grande chance da primeira vitória em casa desde Fernando Alonso em 2010.
Na corrida, Raikkonen defendeu sua posição na largada e Vettel acabou dividindo a segunda chicane com o terceiro colocado, Hamilton. Para a imprensa italiana, faltou calma ao alemão, que “arruinou o que poderia ser uma cavalgada vencedora pela precipitação de não querer ceder a Hamilton na primeira volta”, escreveu o comentarista da TV Sky Sports Roberto Chinchero.
Para a publicação Corriere dello Sport, o resultado do GP da Itália, que teve vitória de Hamilton, com Raikkonen em segundo e Bottas em terceiro, foi um “gol contra” da Ferrari. O jornal ainda descreveu uma Ferrari “afundando” devido à derrota e elogiou Hamilton, que seguiu Raikkonen de perto por toda a prova e o ultrapassou no final, quando o finlandês passou a sofrer com os pneus. “Lewis foi sensacional pela maneira que fez a ultrapassagem em Kimi, mas também pela calma como administrou a corrida, e pela tranquilidade mesmo com o crescimento da Ferrari nas últimas provas”, apontou a Gazzetta dello Sport.
SEGUNDO PILOTO
O único a se salvar foi Kimi Raikkonen, descrito pela mesma publicação como “o melhor Kimi desde o título de 2007”, o último mundial de pilotos conquistado pela Ferrari. “Ele lutou e deu o melhor de si, mas a parada antecipada no box não o ajudou.”
A publicação ainda destacou que a situação contratual de Raikkonen pode ter afetado o resultado da corrida. “É impossível pedir sacrifícios a Kimi depois de tê-lo dispensado”, destacou o jornal, uma vez que o finlandês já teria sido notificado que será trocado por Charles Leclerc na próxima temporada.
Uma reunião do Conselho deve ratificar a decisão em breve, segundo apurou a reportagem. A Ferrari ficou sem saída depois que seu ex-presidente Sergio Marchionne, que faleceu em julho devido a complicações decorrentes de uma cirurgia, assinou um contrato com Leclerc.
Os advogados do time tentaram cancelar o contrato, mas a avaliação é que o desgaste tanto com a família de Marchionne, quanto com o presidente da FIA, Jean Todt -pai de Nicolas Todt, empresário de Leclerc-, seria grande demais. É esperado um anúncio até antes do GP de Cingapura, que será realizado dia 16 de setembro.
A 15ª etapa do campeonato é uma boa oportunidade para Vettel melhorar sua imagem perante os italianos, pois a pista de Marina Bay costuma trazer dificuldades para a Mercedes. Porém, ele terá de conviver com um fantasma: favorito em 2017, Vettel se envolveu em um acidente com o próprio Raikkonen e Max Verstappen na largada e se complicou no campeonato.