quinta-feira, 18 abril 2024

Acusação de agressão envolvendo vereador gera repúdio de órgãos em Americana

 OAB e Procuradoria da Mulher condenaram violência contra a mulher

(Foto: Divulgação/Câmara Municipal)

Após uma mulher de 32 anos afirmar ter sido agredida a socos pelo vereador Juninho Dias (MDB) no sábado (16) durante um evento no bairro Antônio Zanaga, em Americana, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do município e a Procuradoria Especial da Mulher, da Câmara Municipal, se posicionaram e divulgaram nesta segunda-feira (18) notas de repúdio à violência contra as mulheres.

A mulher, que denunciou a suposta agressão à polícia, foi encaminhada ao Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi. Ela registrou a ocorrência na CPJ (Central de Polícia Judiciária). O caso segue sendo investigado.

A Diretoria da 48ª Subseção Americana da OAB-SP manifestou “total repulsa e indignação diante dos fatos que vêm sendo noticiados pela imprensa sobre todas as formas de violência contra mulheres – física, psicológica, moral, sexual ou patrimonial – em especial, mas não exclusivamente, aquelas praticadas por profissionais da área de saúde”. A OAB enfatizou que esses atos de violência são todos criminosos e passíveis de punição pelo Estado e absolutamente intoleráveis.

“Nos posicionamos conscientes de que há uma estrutura sistemática que descredibiliza a narrativa da mulher. E, assim, assumimos aqui o nosso compromisso em valorizar a palavra da vítima. Salientamos que é esse entendimento que prevalece na jurisprudência pátria em casos de violência doméstica contra a mulher, uma vez que se trata essencialmente de infrações praticadas na clandestinidade, isto é, sem testemunhas, razão pela qual merecem especial tratamento. Chegamos ao ápice de todo tipo de violência contra as mulheres e isso é ilegal, inadmissível e intolerante, para se dizer o mínimo. Basta! Não à violência contra as mulheres”, disse a OAB de Americana.

A Procuradoria Especial da Mulher, da Câmara Municipal de Americana, se posicionou especificamente sobre o episódio envolvendo o vereador Juninho Dias. “Até o momento não foi encaminhada denúncia na Procuradoria Especial da Mulher. Estamos acompanhando os desdobramentos do caso junto aos órgãos competentes e responsáveis pela apuração dos fatos. Seguiremos trabalhando para combater a discriminação e a violência contra as mulheres. Manifestamos nosso repúdio frente a qualquer forma de violência”, disse através de nota encaminhada pela assessoria de imprensa da Câmara Municipal.

O presidente da Câmara Thiago Martins (PV) disse que aguarda as investigações para tomar as medidas cabíveis em relação a denúncia apresentada contra Juninho. “As notícias que temos é pela imprensa. Não tive acesso ao boletim de ocorrência. Já fiz várias ligações e não consegui falar com ele (Juninho Dias). Estamos aguardando os próximos passos para saber quais medidas serão tomadas. Falei com as vereadoras Juliana e a Nathalia para emitir essa nota da Procuradoria Especial da Mulher. Estamos aguardando os fatos. Vamos seguir com os trâmites legais para seguir o que está na Lei Orgânica e no Regimento Interno da Câmara. A gente não sabe se ele (Juninho Dias) é culpado. Vamos aguardar o andamento das investigações para saber. O que for direito da Mesa Diretora será feito”, disse Thiago Martins.

O vereador Juninho Dias é o presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. A Professora Juliana (PT) e o Léo da Padaria (PT) também fazem parte da Comissão. Todos eles foram procurados para comentar o assunto, mas não responderam o fechamento desta edição.

O CASO

A mulher disse, em depoimento à Polícia Militar (PM), que foi “agredida a socos pelo vereador Junior Dias”, durante o “Festival da Pipa” que ocorreu no campo de futebol do bairro Antônio Zanaga neste sábado (16). “A vítima apresentava hematomas no nariz e testa”, consta no Boletim de Ocorrência da Polícia Militar.

Ela contou que ao ser fotografada por um desconhecido comentou com uma pessoa que não gostou da situação. “Essa notícia chegou até os ouvidos do Junior Dias, que me intimidou a sair da festa. Ao sair, fui agredida pelo próprio Junior Dias. Ele me agrediu com soco na testa e no nariz a ponto de sangrar e espirrar o sangue no pescoço da minha filha. Logo em seguida, ele foi até a minha casa me ameaçar de morte”, acusa. As agressões teriam ocorrido na frente dos filhos da vítima de 3, 8 e 13 anos.

OUTRO LADO

Juninho, porém, afirma que foi agredido verbalmente pela mulher e que em nenhum momento ele teria agido com forte emoção contra ela ou seu acompanhante. Segundo o vereador, o motivo da confusão teria sido pelo uso proibido de linha com cerol pelo filho da “pretensa vítima”, que ao ser avisado desse fato, teria “gentilmente solicitado a retirada do espaço”. “Neste momento, dentro do campo com os todos os presentes, me foram proferidas ofensas pela mulher, com ameaças inclusive”, afirmou o parlamentar em nota publicada em suas redes sociais.

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