quarta-feira, 24 abril 2024

Três mil mortes por dia

Esta semana conquistamos uma marca da qual não devemos nos orgulhar. Três mil vidas levadas pela Covid-19 num único dia. Um número que já era esperado, mas que só escancara o descaso que o Brasil, enquanto população e governantes, vem tendo frente à pandemia. Especialistas apontam que as mortes chegarão a 5 mil ao dia. Informação que entristece e nos traz ainda mais insegurança sobre o amanhã.

Evidente a descoordenação e a falta de um cronograma em nível nacional de combate ao vírus e de vacinação. Em pronunciamento político nesta semana, Bolsonaro se mostrou a favor da vacina e combate à pandemia. Se contradisse mais uma vez, demonstrando ainda mais incoerências em seu modo de governar. Se não soubéssemos da verdade, talvez cairíamos na conversinha.

Como agir daqui pra frente? Como se proteger? Qual o panorama para os próximos dias e meses? Não temos. O seguro de fato é o dia de hoje. Estar vivo já é motivo suficiente para agradecermos.

Três mil mortes. Marca superior à quantidade de pessoas que perderam suas vidas no atentado das torres gêmeas em 2001, nos EUA. Chocou o mundo. Agora quando o número retrata a realidade no Brasil, poucos demonstram acreditar ou se preocupar com a situação.

Pessoas foram resumidas a números, mas não são. Tratam-se do padeiro que você via toda manhã, do entregador que não vai mais chegar à sua casa. Do vizinho que se foi e você não pôde se despedir. Do marido de uma amiga que você tanto gostava. Daquele amigo que você mantinha amizade desde a infância. São pessoas reais do seu convívio e de muitas outras. Um pai, uma mãe, irmão, filho, marido, esposa. Até quando ignoraremos a realidade, nos queixando das poucas medidas que ainda estão sendo adotadas pelos governantes para conter o contágio?

Caso não tenha ficado claro, estamos vivendo o pior momento da pandemia no país. Hospitais colapsados, pessoas na fila de espera desesperadas por não saberem se conseguirão um leito de UTI. Situação de guerra e pela vida.

Mesmo assim, continuamos tendo conhecimento de festas clandestinas, aglomerações e reuniões na surdina. Não pode, gente! Estamos há um ano nessa situação e é inevitável o cansaço. Mas se não colaborarmos, não sairemos dessa realidade tão cedo. Não é confortável a privação, o isolamento. Mas é como podemos contribuir no momento. Se você quer continuar a viver e um dia retornar à normalidade, é preciso paciência.

Como se provou no último balanço, a economia encontra-se forte e robusta. Ou vocês não viram o recorde de arrecadação de impostos divulgado esta semana? O que queremos saber é do que o governo tanto se queixa e do porquê de não destinar mais recursos à saúde e auxílios à população.

Não há tempo para discussões que não sejam para apoiar a população e tirar o Brasil desse estado de caos. Precisamos correr contra o tempo, evitando mais mortes e garantindo vacinas a todos. É o mínimo que se pode fazer.

Se vale o apelo, ajude quem precisa. Tem muita gente necessitando do básico para sobreviver. Esteja disponível e estenda a mão a estas pessoas. Não dá pra adiar por tempo maior.

Escrito por: Marcos Barbosa, jornalista e apresentador
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