quinta-feira, 18 abril 2024

Vacinas derrotarão o coronavírus em maio

Antes de mostrar que reduziremos drasticamente o número de mortes em maio, quero lembrar a minha previsão feita em julho do ano passado. Sou professor de Inteligência Artificial há muitos anos e um tópico importante de IA é analisar as variáveis da equação que rege um sistema e qual o coeficiente (peso) de cada variável. E o contágio da população pode ser visto como um sistema.

Naquele julho, muitos não respeitavam o distanciamento, que é uma importante variável e que tem grande peso (coeficiente), mas não é a única. Percebi que era um erro fundamental entender a imunidade populacional entre 60% e 70%, esse número deveria ser considerado junto com o isolamento social que estava próximo de 50%. Só isso já nos intuiria estimar a imunidade coletiva em torno de 30%, mas considerando exponencialmente o isolamento, então a imunidade deveria funcionar de 10% a 20% da população infectada, já atingido provavelmente nos grandes centros. Ressaltemos que imunidade coletiva é um termo usado para vacinados e não infectados.

O coronavírus atingia as cidades médias e pequenas e fazia quase cem mil mortos, mas, a partir de 22 de agosto, a média de mortes caiu, como previsto, até 11 de novembro, então o abandono do distanciamento social provocou a nova escalada de mortes, afinal, aconteciam as eleições e, depois, vieram Natal e Ano Novo. A conclusão é que ignorar a doença não elimina o problema e cria mais mutantes. Já estamos há dois meses com cerca de mil mortes diárias em média, sabemos que quanto maior for a rigidez nas medidas de combate, mais rápido acabaremos com essa pandemia, mas muitos não saem da fase de negação. Nosso país vive uma história de humor, não dos “Stooges” (Os Três Patetas), mas de humor negro, dos “dark stooges”: o imaturo pseudocientista presidente Moe no país das maravilhas, o insciente ministro Curly da doença evitável e o iludente ministro Larry da falência nacional.

Mas a situação é melhor do que parece, mesmo vacinando lentamente, a maioria das mortes ocorre entre os mais velhos. Hoje, vacina-se quem tem idade igual ou maior de 80 anos, grupo que representa 29% das mortes, mas apenas 2,1% da população ou 4,44 milhões de pessoas (segundo o IBGE). Até o final de março, estarão protegidos. O grupo seguinte, dos 70 anos para cima, é um grupo que representa 55% das mortes, mas apenas 6,4% da população, ou 13,5 milhões.

Em abril, somando as doses da Coronavac do Butantan e a Covishield, da Fiocruz, teremos mais de 50 milhões de doses, que é suficiente para vacinar todos os brasileiros com 60 anos para cima, grupo que representa 77% das mortes, mas 14,3% da população, cerca de 30 milhões de pessoas. Podemos esperar, para a segunda quinzena de maio, que a média de mil mortes por dia que vemos neste mês cairá para menos de 200. Isso se controlarmos a propagação do vírus com distanciamento e uso de máscara para não gerar novos mutantes ainda mais mortais.

Escrito por: Mario Eugenio Saturno, Tecnologista Sênior Do Inpe
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