Pouco mais de 24 horas depois da confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil, o número de pessoas oficialmente tratados como suspeitas de ter o vírus no País era ontem de 132 (85 delas em São Paulo), segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo. O próprio secretário admite, porém, que esse número seja muito maior. Na última sexta-feira (21), era apenas um caso.
O Ministério da Saúde recebeu as notificações dos Estados até a tarde de ontem (27), mas não analisou todos. “Esse número não é definitivo. É muito maior que 132. Ficamos com 213 notificações ainda não analisadas. Elas podem ser todas consideradas suspeitas ou apenas uma parte, mas dá para a gente avaliar que, na verdade, temos perto de 300 casos suspeitos”, disse Gabbardo.
Segundo o secretário, esse aumento se explica em virtude do aumento do número de países com fluxo migratório intenso com o Brasil e que têm pessoas com o vírus.
Um exemplo é o primeiro caso confirmado no Brasil. O homem de 61 anos não esteve na China, que concentra a maioria dos casos no mundo, e sim na Itália. Após a confirmação desse caso, pessoas com histórico de viagem à Itália, à França e à Alemanha e que apresentem febre somado a um sintoma respiratório também são tratadas como suspeitas.
CRITÉRIOS
O Ministério tem usado como critérios de determinação de casos suspeitos: ter viajado para um dos 16 países da Ásia, Europa e Oriente Médio com casos da doença; não ter viajado, mas ter tido contato com esses viajantes ou ter tido contato com o caso confirmado no Brasil. Em todas as hipóteses, a pessoa é considerada como um caso suspeito se apresentar febre somada a um sintoma respiratório.
Os 16 países considerados na definição de casos suspeitos são: Austrália, China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Filipinas, Japão, Malásia, Vietnã, Singapura, Tailândia, Itália, Alemanha, França, Irã e Emirados Árabes Unidos.
O secretário-executivo do Ministério reforçou ainda a importância das medidas de prevenção para reduzir os riscos de contaminação da doença.
A lavagem constante das mãos e evitar levá-las ao rosto e, principalmente, à boca; o uso de álcool em gel para esterilização das mãos e o não compartilhamento de utensílios de uso pessoal, como talheres, copos e travesseiros, entre outros.
‘Estamos em um momento decisivo’, alerta diretor da OMS
O diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde) considerou ontem que a epidemia do novo coronavírus entrou em um “ponto decisivo”, apelando aos países para agirem rapidamente para conter este vírus “muito perigoso”. A epidemia, descoberta em dezembro em Wuhan, na China, contaminou mais de 78,6 mil pessoas naquele país, das quais 2,7 mil morreram.
De acordo com Tedros Adhanom Ghebreyesus, a grande preocupação da organização atualmente é “o que se passa no resto do mundo”, com mais de 3.470 casos em 44 países.
“Estamos em um momento decisivo”, declarou, sublinhando que nos últimos dois dias o número diário de novas pessoas infectadas pelo Covid-19 no mundo é superior ao registrado na China. Sete países registram primeiro caso nas últimas 24h.
“Se agirem de forma agressiva agora, podem conter o vírus. O meu conselho é agir rapidamente”, acrescentou.
“As epidemias no Irã, na Itália e na Coreia do Sul mostram do que este vírus é capaz”, disse, frisando que estes países enfrentam focos de pneumonia viral.
O balanço provisório da epidemia do coronavírus é de 2,8 mil mortos e mais de 82 mil pessoas infectadas, de acordo com dados reportados por 48 países e territórios.
Das pessoas infectadas, mais de 33 mil se recuperaram.