quinta-feira, 25 abril 2024

Ato pró-democracia une sociedade contra golpismo

Manifestação contra autoritarismo e ataques ao Estado Democrático reúne multidão de diferentes segmentos

11 DE AGOSTO | Público acompanha do lado de fora da Faculdade de Direito da USP a leitura da Carta aos Brasileiros (Foto: Eduardo Knapp / Folhapress)

A mais ampla manifestação por democracia sob o governo de Jair Bolsonaro (PL) teve ápice na manhã desta quinta- -feira (11) com um ato na Faculdade de Direito da USP em que foi lida, sob aplausos e falas contra o autoritarismo, a carta iniciada na instituição e assinada por mais de 981 mil pessoas.

O texto, que não cita diretamente Bolsonaro, mas prega a manutenção do Estado democrático de Direito e o respeito às eleições diante das ameaças golpistas do presidente de contestar o resultado e questionar as urnas eletrônicas, foi precedido da leitura de outro manifesto, endossado por mais de cem instituições.

O movimento, a menos de dois meses do primeiro turno das eleições, é considerado um marco simbólico na reação da sociedade civil à escalada de ameaça às instituições promovida por Bolsonaro, que insufla apoiadores para saírem às ruas no 7 de Setembro, data do Bicentenário da Independência.

Segmentos que estavam inertes perante as intimidações, sobretudo no ambiente empresarial e financeiro, decidiram se juntar às mobilizações. Banqueiros, juristas, acadêmicos, artistas, sindicalistas e ativistas também participam, sob o discurso de união de divergentes em torno de um ideal maior.

A “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” remete à histórica “Carta aos Brasileiros”, apresentada em ato público em agosto de 1977, na mesma Faculdade de Direito da USP, o que marcou a luta contra a ditadura militar (1964-1985) e por redemocratização. Oradores repudiaram nesta quinta, em tom de espanto e indignação, a necessidade de em pleno ano de 2022 a sociedade ter que brigar por democracia e respeito à Constituição de 1988.

“É uma situação esdrúxula essa, mas toda a nossa energia, toda a nossa coragem tem que ficar neste momento concentrada em salvar o que foi conquistado ao longo dos anos e que é a base do nosso futuro”, disse o ex-presidente do Banco Central do Brasil Arminio Fraga. Frisando que “as sociedades mais prósperas do planeta são todas democracias”, Arminio disse que se sentia parte de um “grupo tão diverso, que tantas vezes no passado lutou em polos opostos, fazendo agora de tudo para preservar o que nos é sagrado, que é a nossa democracia”.

O Poder Judiciário, que Bolsonaro frequentemente ataca como parte da estratégia de descredibilizar as instituições, foi defendido nos discursos, assim como a Justiça Eleitoral. As falas também enfatizaram o combate à fome e à desigualdade, além de exaltar direitos de minorias, como negros e mulheres. O ambiente teve um clima de denúncia, mas também de celebração por estar materializada a revolta expressa nos documentos, divulgados há menos de um mês. A adesão virtual à carta idealizada na USP surpreendeu organizadores.

MULTIDÃO 

O salão nobre e o pátio da faculdade, no largo São Francisco, região central de São Paulo, foram tomados por organizadores e convidados de diferentes segmentos sociais, partidos políticos e correntes ideológicas. A instituição é palco histórico de manifestações em defesa dos princípios legais. Uma multidão de signatários e apoiadores da causa também se concentrou do lado de fora.

Não foram registrados incidentes na mobilização na capital paulista. Atos simultâneos em outras universidades em todos os 26 estados brasileiros também tiveram a leitura da carta e discursos.

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