terça-feira, 23 abril 2024

Cigarros eletrônicos atraem cada vez mais jovens, e médicos alertam para o perigo

No mês passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu manter a proibição de venda de cigarros eletrônicos no Brasil

Foto: Eva Hambach/AFP

Apesar do aumento das restrições, tanto no Brasil como em outros países, o uso de cigarros eletrônicos é motivo de preocupação entre os médicos, principalmente pela disseminação desses dispositivos entre os jovens. Pesquisas indicam que esse é o público que tem sido mais atraído pelos dispositivos, que são tão nocivos à saúde quanto os cigarros comuns.

No mês passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu manter a proibição de venda de cigarros eletrônicos no Brasil e ampliar a fiscalização para coibir o mercado irregular dos dispositivos. Já os Estados Unidos baniram a venda de vapes por uma marca pioneira devido ao marketing voltado ao público jovem, incluindo menores de idade.

Apesar das restrições, os cigarros eletrônicos podem ser encontrados com facilidade em sites e lojas físicas. No Brasil, hoje, 3% da população adulta faz uso diário ou ocasional deles, segundo um levantamento do Datafolha realizado em fevereiro deste ano. Entre os mais jovens, os números são ainda mais alarmantes. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2019, 13,6% dos estudantes de 13 a 15 anos já experimentaram cigarro eletrônico. Entre alunos de 16 a 17 anos, o índice é de 22,7%.

Para a pediatra Aline Magnino, diretora médica do Prontobaby Hospital da Criança, adolescentes são atraídos pelo apelo publicitário dos aparelhos, sobretudo na internet.

— Os jovens encontraram no cigarro eletrônico uma forma diferenciada de utilizá-lo, com sabores, odores, além de uma melhor estética. Os pais devem conversar com seus filhos, mostrando os reais riscos e efeitos nocivos à saúde — afirma.

Pesquisa feita nos Estados Unidos apontou que os principais consumidores desses dispositivos são estudantes que ainda não entraram para a universidade.

O cigarro eletrônico não expõe o usuário ao monóxido de carbono, uma vez que não há combustão. No entanto, a nicotina — substância altamente tóxica causadora de problemas vasculares e diferentes tipos de câncer — continua presente..

— Em média, enquanto um cigarro comum tem entre 1 mg e 2 mg de nicotina, o cigarro eletrônico costuma ter de 3 mg até 5 mg, além do fato de que para fumar um cigarro comum, gasta-se de um a cinco minutos, enquanto para fumar um cigarro eletrônico utiliza-se muito mais tempo. Em dez minutos, são 30 mg de nicotina, ou seja, o equivalente a um maço e meio de cigarro comum — afirma Aline.

Os vapes funcionam por meio de uma bateria que aquece um líquido interno, composto por água, nicotina, aromatizante, propilenoglicol e glicerina. Com formatos variados, os modelos mais modernos se parecem com pen-drives. Alguns são fechados: não é possível manipular o líquido interno. Outros podem ser recarregados com várias substâncias e sabores, como uva e menta.

Causa de mortes evitáveis

O tabagismo é uma das principais causas de morte evitável no mundo. Entre as doenças causadas por ele, destacam-se as cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e doenças vasculares periféricas. .

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o tabagismo como uma doença que mata anualmente 8 milhões de pessoas — 7 milhões pelo fumo ativo e 1 milhão por passivo.

No Brasil, um dos receios da comunidade médica é que a popularização dos vaporizadores prejudique os avanços conquistados em relação ao percentual de fumantes: o país é considerado uma referência mundial no combate ao tabagismo. Em 1989, 35% da população fumava. Hoje, o índice é de 9,3%.

Via Extra

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