segunda-feira, 7 outubro 2024

Famílias vão retomar encontros no Natal, mas com grupos menores

Os grandes encontros foram transferidos para a tela do celular ou do computador nas videochamadas; uma a maneira de desejar um feliz natal para quem está longe

Família da professora Maria Gildamar Benicio Souza (Foto: Arquivo Pessoal)

O Natal de 2020 foi triste para famílias que sempre tiveram a data como um momento para reunir todos os parentes em ceias que se estendem até o almoço do dia seguinte. Neste ano, com o avanço da vacinação contra Covid, elas planejam retomar os encontros, mas com um número reduzido de participantes.

Em dezembro do ano passado, sem perspectiva do imunizante e com o futuro incerto, muitas delas preferiram se reservar e comemorar a data em reuniões com poucas pessoas.

Os grandes encontros foram transferidos para a tela do celular ou do computador nas videochamadas. Essa foi a maneira que as famílias encontraram para não deixar de desejar um feliz natal para quem estava longe.

Com a família da professora Maria Gildamar Benicio Souza, 48, não foi diferente.

Acostumada a celebrar a data com os pais e as famílias dos seis irmãos –ao todo, cerca de 45 pessoas– a celebração do ano passado ficou restrita a um grupo formado por ela, pelo marido e pelos dois filhos e a uma chamada de vídeo.

“O Natal sempre foi muito sagrado, e o ano passado foi triste. A gente queria preservar os meus pais que estavam com 79 anos, porque estávamos ali em dezembro sem expectativa de vacina ainda, então não passamos a data juntos”, afirmou a professora.

O combinado com os outros membros da família foi que no apartamento de seus pais estariam presentes somente duas de suas irmãs. O restante passaria cada um na sua casa.

“Fizemos a chamada de vídeo para dar aquela quebrada e confraternizada, mas foi um Natal que faltou, ficou um buraco”, completou.

Neste ano, com todos já vacinados e os pais com a dose de reforço aplicada, a família está se sentindo um pouco mais confiante para retomar o encontro.

Para celebrar a data, resolveram fazer uma reunião diferente, alugaram uma casa no litoral norte de São Paulo e, mais ou menos, umas 20 pessoas devem se encontrar lá.

“Sempre quisemos fazer um Natal diferente, mas nunca conseguimos nos organizar para viajar. Por fim, por ter sido do jeito que foi o ano passado, vamos passar este ano na praia”, afirmou a professora.

O Natal de 2020 do engenheiro mecânico Bruno Felipe Reis da Silva, 33, e da empreendedora Juliana Prado Moreira, 34, que moram em Uberaba (MG), foi dentro de casa com a filha Mariah, 11.

O casal estava acostumado a viajar a Ilha Solteira, a 686 km de carro da capital paulista, cidade onde moram os pais de Juliana, e se reunir com uma turma de 25 a 30 pessoas. Porém, os planos mudaram totalmente no ano passado.

Segundo a empreendedora, a ideia inicial era viajar, mas a reunião seria bem menor. Porém, uma semana antes do Natal, a irmã e o cunhado testaram positivo para a Covid. A festa foi cancelada.

Mas, mesmo com o adiamento da viagem, o casal não deixou de celebrar a data. “O ano todo passamos aprendendo a ficar só nós três e criando novos hábitos. Acabou que o Natal foi muito massa”, relembra Bruno.

Neste ano, a ceia será novamente na casa deles na cidade mineira, mas agora com a visita dos familiares de Ilha Solteira. “Vem a mesma turma que passaria o ano passado, os meus pais, uma das minhas irmãs, meu cunhado -os dois que testaram positivo para Covid o ano passado- e meu sobrinho”, afirmou a empreendedora.

A cozinheira Ana Gilza Batista de Souza Araújo, 59, também tinha antes da pandemia o costume de reunir a família, cerca de 16 pessoas de quatro núcleos diferentes.

“Era uma expectativa, nos programávamos, fazíamos compras e era uma festa muito gostosa com muita comilança”, afirmou Ana Gilza.

Com a pandemia, quase tudo mudou. Ela continuou indo à missa na noite de 24 de dezembro, mas a mesa farta e cheia de gente não aconteceu em 2020. A cozinheira passou a noite de Natal somente com o marido, os dois filhos e o noivo da filha.

Neste ano, os cinco devem se reunir com mais uma família. “Ainda não estamos muito seguros, então talvez tenha só o almoço do dia 25, mas não com todos”, afirmou.

O personal trainer Marcelo Santana, 39, levou um susto no ano passado. No dia 24 de dezembro, ele e a mulher testaram positivo para Covid.
“Minha esposa deu uma puxadinha no nariz, mas não estava sentindo nada. [Mesmo assim] fomos fazer o teste, aquele de farmácia que fica pronto na hora, e deu positivo”, afirmou o personal trainer.

A reunião que era para ser feita entre os dois, os pais do Marcelo e o irmão ficou para a videochamada.

Celebrar a data era de praxe. “A nossa família aqui é raiz do interior, então são aqueles que gostam de passar tudo junto, cantando, celebrando e cada um traz seu prato de comida”, relembra.

Neste ano, eles devem retomar os planos do ano passado, porém com uma reunião mais reservada.

Cuidados nas festas Para o infectologista Evaldo Stanislau de Araújo, temos ainda desafios a enfrentar na pandemia.

O avanço da imunização contra Covid é sem dúvida uma realidade positiva e pode dar uma certa segurança para as famílias que vão se reunir neste fim de ano, mas a vacinação não é uma panaceia, segundo o médico, porque quem está vacinado também pode se infectar.

Para quem pretende se reunir, o infectologista sugere alguns cuidados.

No cenário ideal e mais seguro, ele recomenda que todos façam o teste de antígeno no dia do evento, pela manhã. Se der negativo, representa que não existe naquele momento vírus em quantidade suficiente para ser transmitido para outras pessoas.

Em um cenário de redução de risco, ele sugere fazer pequenas mesas em um mesmo ambiente com um distanciamento entre elas, para que as pessoas estejam mais seguras na hora da refeição, quando se retiram as máscaras. Se for possível, os eventos devem ser feitos em ambientes externos onde tenha melhor circulação de ar.

Outro conselho é observar como a pessoa está se sentindo no dia. Se apresentar indisposição, convém não participar da festa.

“O maior risco que temos neste momento da pandemia eu diria que não é o vírus em si -nós já conhecemos as variantes, como ele se transmite, já temos recursos para tratá-lo, sabemos como prevenir com vacina-, mas o que atrapalha é o comportamento das pessoas”, disse o médico.

Segundo ele, utilizar corretamente a máscara, tomar todas as doses da vacina e realizar os testes são medidas que podem reduzir o risco de contaminação a praticamente zero.

“Se tivermos um bom comportamento e adotar essas regras que eu considero muito simples diante do que a gente ganha, que é vida e a possibilidade de estarmos juntos, tenho certeza de que todos vão poder ter um Natal muito bom”, concluiu. 

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