sexta-feira, 19 abril 2024

Mulher da casa abandonada tentará “vaquinha” para restaurar imóvel

Margarida Bonetti reapareceu na janela para conversa com vizinhos. Sustenta que não vai vender o imóvel e que pretende transformá-lo em museu 

Para a obra de restauração, a idosa afirma que tentará uma “vaquinha digital” (Foto: Divulgação)

A personagem do bairro de Higienópolis, em São Paulo, que ficou célebre depois de ter sua história revelada pela imprensa, voltou a aparecer à janela da mansão em ruínas que habita, para uma conversa com vizinhos e passantes. Margarida Bonetti, alvo de inquérito por trabalho escravo aberto pela Justiça americana, declara que pretende restaurar o casarão da Rua Piauí. O local chegou a se tornar ponto de visitação pública e a contar com plantão de viatura policial.

Para a obra de restauração, a idosa afirma que tentará uma “vaquinha digital”, modalidade que tem obtido sucesso na arrecadação de recursos por meio de doações para as mais diversas causas. Dona Margarida, como ficou conhecida após o período de exposição pública, também declara que gostaria de fazer da mansão um museu. “Amo livros! Adoro ler”, afirmou, da janela entreaberta de um cômodo às escuras, no andar superior, de onde apareceu novamente com o rosto coberto por uma espécie de pomada branca.

“Não, não! Não vou vender a casa de jeito nenhum!” – voltou a sustentar, ante o interesse dos interlocutores, um grupo de duas mulheres e um rapaz que lhe declaravam apoio e se diziam moradores do bairro. Dona Margarida, no entanto, demonstrou interesse em conhecer um suposto vizinho que teria cogitado investir ou mesmo comprar o imóvel – cujo valor é estimado em R$ 7 milhões.

A região retomou a rotina, à medida que o caso que ficou conhecido como “a mulher da casa abandonada” saiu do noticiário. A polícia já não está presente no endereço e Dona Margarida voltou ao isolamento que, segundo a versão de sua defesa, é sua escolha pessoal. A mansão chegou a ser alvo de batida da polícia, após decisão judicial embasada na suspeita de abandono de incapaz. O caso segue em apuração pelas autoridades.

O episódio rumoroso que a levou aos sites de notícia e à televisão também garantiu certa popularidade a Dona Margarida. A mulher que escapou de ser presa nos Estados Unidos e que nega ter torturado e mantido em cárcere privado a própria empregada doméstica, agora ganha áura de personagem pitoresca do bairro. Sua aparição à janela chamou a atenção de quem passava, mas já não causou espanto. Uma moradora que passeava com o cachorro parou para cumprimentá-la, amigavelmente: “Moro aqui na rua. Se precisar de algo, a senhora me avisa, viu?”, declarou. “A gente sabe que a mídia plantou mentiras contra a senhora”, completou.

Margarida também sustentou a seus interlocutures, que mantinham a conversa a partir do portão de entrada do jardim abandonado, que são falsas as alegações de que cause problemas à vizinhança, inclusive sanitários. E fez acusações contra depoentes que compareceram à polícia para confirmar a versão dos denunciantes. O grupo passou, então, a incentivá-la a não vender o imóvel. “Vai descaracterizar o nosso bairro se erguerem um prédio aí”, declarou uma das mulheres.

Com informações OGLOBO

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