quinta-feira, 25 abril 2024

Nos EUA, Boric atrai empresários, defende responsabilidade fiscal e cobra Bolsonaro

O governo brasileiro não informou se Bolsonaro terá outras reuniões bilaterais durante a cúpula além do encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden 

Boric cobrou do governo brasileiro a aprovação de sua indicação para a embaixada do Chile no Brasil (Foto: Divulgação/Folha)

Nos EUA para participar da Cúpula das Américas, Gabriel Boric, presidente do Chile que tomou posse em março, tem sido um dos líderes mais procurados para reuniões com empresários, que querem ouvir como ele pretende unir a busca por investimentos externos com o combate à desigualdade social.

Em discurso nesta quarta (9), em evento paralelo à cúpula, Boric defendeu parcerias internacionais para acelerar o desenvolvimento econômico do Chile, sem que isso implique precarização do trabalho ou desrespeito ao ambiente. “Queremos um desenvolvimento em que ninguém fique para trás, porque as sociedades rachadas têm muito mais dificuldades para obter um crescimento sustentável”, disse ele.

O líder chileno também fez uma defesa da responsabilidade fiscal e voltou a dizer que o tema não deve ser uma bandeira apenas da direita. “A esquerda precisa abraçá-la, pois é garantia de que a vida do nosso povo vai melhorar”, afirmou ele, para quem a desigualdade social é algo “injusto em termos morais”.

Antes, na chegada a Los Angeles, Boric cobrou do governo brasileiro a aprovação de sua indicação para a embaixada do Chile no Brasil. A veículos chilenos ele afirmou esperar a “resposta da chancelaria brasileira” e outra vez admitiu ter “diferenças de princípios com o presidente [Jair] Bolsonaro” – o líder chileno já deu declarações favoráveis a Lula, que disputará a eleição deste ano com Bolsonaro.

“Mas respeito a soberania do povo brasileiro e, como chefe de Estado, se tivermos a chance de conversarmos, não terei dúvida em fazê-lo”, disse Boris, que indicou Sebástian Depolo para chefiar a representação diplomática de seu país no Brasil. O governo brasileiro não informou se Bolsonaro terá outras reuniões bilaterais durante a cúpula além do encontro com o presidente dos EUA, Joe Biden. O líder brasileiro deve chegar a Los Angeles na manhã de quinta (9) e se encontrar com o democrata à tarde.

Na terça e nesta quarta, algumas autoridades sul-americanas se encontraram com empresários na cidade que abriga a reunião de líderes. Jantares e conversas com Boric tiveram bastante procura, superior à de encontros com outros presidentes, como Guillermo Lasso (Equador) e Pedro Castillo (Peru). Antes de viajar a Los Angeles, Boric foi recebido no Canadá pelo premiê Justin Trudeau, com quem assinou um memorando para uma parceria de promoção da igualdade de gênero.

Biden fará o discurso de abertura da cúpula às 17h (21h em Brasília). Na fala, o presidente americano anunciará uma Parceria Americana para a Prosperidade Econômica, estratégia dividida em cinco pontos: revigoramento das instituições econômicas regionais, especialmente o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), aumento da resiliência das cadeiras de suprimentos, melhoria de serviços públicos, criação de empregos com transição para energias verdes e ampliação do comércio exterior regional.

Nesta quarta, o governo americano também anunciou a criação de um Corpo de Saúde das Américas, que capacitará 500 mil profissionais do continente, ao custo de US$ 100 milhões. Parte do valor será custeado pelos EUA, que também oferecerão treinamentos em instituições do país. 

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