sexta-feira, 19 abril 2024

Crise: Desemprego chegou e ficou

Desemprego – A retomada consistente do mercado de trabalho é um cenário ainda muito distante do atual horizonte do Brasil, indicam os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) divulgados pelo IBGE na sexta-feira (28). 

Isso porque o mercado de trabalho no Brasil continua sustentado por vagas de baixa qualidade, deixando parte dos brasileiros no subemprego e achatando salários. 

A população ocupada cresceu 1,2% no trimestre de março a maio, na comparação com o trimestre até fevereiro. Porém, das 1,1 milhão de pessoas que passaram a trabalhar no período, mais da metade (582 mil) estava trabalhando menos do que gostaria, e quem está conseguindo emprego acaba recebendo um salário menor. 

“Quantitativamente está havendo uma expansão do número de pessoas ocupadas. Só que por trás desse crescimento, percebe-se que são pessoas subocupadas”, afirma Adriana Beringuy, analista da Coordenação Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. 

O número de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas -que são aquelas que trabalham menos 40 horas por semana, mas gostariam e têm disponibilidade para trabalhar mais- chegou a 7,2 milhões em maio. 

A alta foi de 8,8% em relação ao trimestre encerrado em fevereiro e de 14,2% ante igual período do ano anterior. 

Como consequência, o rendimento mensal piorou e caiu 1,5% contra o trimestre anterior, chegando a R$ 2.289 -o pior valor desde o trimestre encerrado em novembro. 

Na avaliação de Cosmo Donato, economista da LCA consultores, o cenário econômico atual também dificulta aumentos salariais. 

“Uma competição maior por vagas disponíveis tem pressionado os salários para baixo. Além disso, tanto por questões da economia quanto pelo faturamento das empresas, fica mais difícil negociações salariais acima da inflação.” 

A taxa de desemprego, ainda segundo o IBGE, encerrou o trimestre de março a maio em 12,3%, praticamente no mesmo nível na comparação com os 12,4% do trimestre encerrado em fevereiro, e menor do que os 12,7% registrados no mesmo trimestre do ano anterior. O número de pessoas desocupadas também permanece estável, em 13 milhões. 

Apesar do número de pessoas ocupadas ter aumentado para 92,9 milhões, praticamente não houve geração de novas vagas no mercado formal no período. 

Outro movimento que chamou atenção foi a subutilização da força de trabalho, que bateu mais um recorde, com 28,5 milhões de brasileiros procurando emprego, trabalhando menos do que gostariam ou desalentados. Segundo o IBGE, a taxa subutilização é de 25% nos três meses até maio. 

“Se o chefe de família, por exemplo, perde seu emprego, o dependente passa a não ter mais renda para financiar os estudos, e aí precisa trabalhar. Mas essa pessoa tem menos capacitação, tem menos anos de estudo, então acaba aceitando uma colocação por uma remuneração menor”, explica Donato. 

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