quinta-feira, 18 abril 2024

Derrotado, França prega conciliação e diz que ninguém deve guardar rancor

A mobilização da máquina estadual, alianças com partidos de diferentes espectros ideológicos e promessas de reajuste ao funcionalismo não foram suficientes para que o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), se reelegesse contra João Doria (PSDB), que colou no adversário a imagem de comunista e aliado ao PT.
O pessebista, que chegou ao segundo turno com uma diferença de apenas 89 mil votos em relação ao terceiro colocado, Paulo Skaf (MDB), terminou a eleição com 48% dos votos válidos.
Em pronunciamento após a derrota, continuou pregando a conciliação e disse que ninguém deve guardar rancor após o resultado das eleições. “Saio com mais vontade de fazer política”, afirmou.
França disse que há vitorias eleitorais que são derrotas políticas e derrotas eleitorais que são vitórias políticas. “Hoje, me sinto vitorioso”, disse. Ele afirmou que já telefonou a Doria para parabenizar a vitória.
Emocionado, agradeceu a Geraldo Alckmin (PSDB) pelo convite para ser vice em 2014. Ele assumiu o governo após a renúncia do tucano, que disputou as eleições presidenciais.
França foi aplaudido por sua comitiva antes de começar o discurso. Ele reservará os próximos dias para descansar.
O seu entorno, que inicialmente não acreditava que a vitória de França seria possível, chegou a se animar com o resultado das últimas pesquisas de intenção de votos, que o apontavam numericamente à frente de Doria.
“Faltam poucas horas para São Paulo ter um novo governador”, disse em vídeo distribuído na internet no sábado (27). Apesar de estar no cargo há seis meses, se apresentava como um novo nome, caso vencesse o PSDB.
Com isso, antecipava que as eleições seriam baseadas na rejeição aos políticos tradicionais e que, ele mesmo um político tradicional, precisava de uma roupagem que camuflasse seu histórico.
Acertou a avaliação, mas acabou alvejado por sua proximidade com aliados do PT em um estado cujo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) obteve quase 70% dos votos, além de ter feito parte do conselho político do ex-presidente Lula.
Para este domingo (28), aliados de França já preparavam uma festa da vitória no Palácio do Trabalhador, prédio ligado à Força Sindical, no centro de São Paulo.
Com a divulgação do resultado da pesquisa boca de urna do Ibope, às 17h, que apontava vantagem de Doria sobre França, desanimaram. O discurso do governador foi transferido para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo.
Pesou também o enjoo causado por remédios que o governador tem tomado para curar de uma pneumonia diagnosticada na reta final da campanha.
Ao lado do governador, no discurso de derrota, estavam a sua candidata a vice coronel Eliane Nikoluk (PR) e o coordenador da campanha, o prefeito de Campinas Jonas Donizette (PSB). Ele agradeceu aos dois e a Skaf.
Durante o segundo turno, Márcio França buscou se aproximar de aliados de Bolsonaro para tentar diminuir a desvantagem que tinha em relação a Doria.
Com promessa de deixar a Polícia Militar de São Paulo com o melhor salário entre os estados brasileiros, recebeu a adesão de um importante bolsonarista, o senador eleito Major Olímpio (PSL), que coordenou a campanha do presidenciável no estado.
Também foi apoiado por Paulo Skaf (MDB), que já havia declarado apoio em Bolsonaro desde o primeiro turno, e o Major Costa e Silva (DC). Do outro lado, o PT não apoiou abertamente França, mas desaconselhou o voto em Doria.
No interior, seus aliados começaram a distribuir adesivos que pregavam o voto duplo Bolsofrança.
A derrota desmonta todo o arco de alianças que França havia montado com partidos -como PR, PV, SD e Pros- em torno da sua candidatura e também sinaliza uma redução da influência grupo de alckmistas que se manteve com ele.
O ex-presidente do PSDB, Alberto Goldman, foi um deles, além de prefeitos como Paulo Alexandre Barbosa, de Santos. França também manteve aliados de Alckmin em importantes secretarias do estado, como Governo (com Saulo de Castro) e Transportes Metropolitanos (com Clodoaldo Pelissioni).

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