sábado, 20 abril 2024

OMS admite erro e diz que risco de coronavírus é elevado

A tentativa de autoridades chinesas de contornar a crise do coronavírus ameaça se transformar em uma crise política e vê a OMS (Organização Mundial da Saúde) sob o risco de sofrer um duro golpe em sua credibilidade. Sem alardes, a entidade de saúde em Genebra enviou um comunicado nesta segunda-feira indicando que, de fato, o coronavírus representava um “elevado” risco global. 

Numa nota de rodapé do informe, a OMS explicava que houve um “erro” nas versões anteriores dos documentos emitidos nos últimos dias. Em todos, o risco global era considerado como sendo “moderado”. Na nova versão, o risco é considerado como “muito elevado” na China, “elevado” na Ásia e “elevado” em termos globais. 

Ao explicar a mudança, a OMS se limitou a dizer que se tratava de um “erro” no uso da palavra anterior. A emergência global, porém, ainda não está decretada. Mas, nos bastidores, a mudança na avaliação foi recebida com muitas críticas. Por anos, a OMS tem sido atacada por ter dado uma resposta lenta para algumas das principais epidemias, entre elas o do Ebola no oeste africano. 

BOLSAS 

Com um salto de 40% no número de mortos e infectados pelo coronavírus chinês de domingo (26) para esta segunda-feira (27), o mercado financeiro opera em aversão a risco. Para investidores, o caso fugiu do controle chinês e pode ter grandes impactos na economia. Até o momento, 81 pessoas morreram e 2.744 foram infectadas. 

Analistas avaliam que o dano econômico pode ser maior do que a epidemia de Sars (síndrome respiratória aguda grave) que deixou centenas de mortos em 2003. 

“Naquela época, as economias estavam iniciando um movimento de expansão após uma grave crise; hoje, o mundo está exatamente na direção oposta, com as grandes economias lutando para impedir que uma desaceleração mais forte na atividade possa se tornar uma recessão. Caso o coronavírus estenda seus efeitos, os indicadores econômicos do 1º trimestre podem ser duramente impactados. E com os juros tão baixos mundo afora, os Bancos Centrais podem ter menos ferramentas para estimular as economias”, diz relatório da Rico. 

Em 2003, a epidemia de Sars fez o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) desacelerar dois pontos percentuais entre o primeiro e segundo trimestre, de 11,1% a 9,1%. No ano, a China cresceu 10%. 

“Desde então, a economia chinesa cresceu muito, então o impacto do coronavírus no PIB deve ser reduzido, de 0,5 ponto percentual para baixo. Contudo, qualquer mudança no crescimento chinês, por mais que seja apenas 0,1 ponto percentual, impacta muito a economia mundial”, diz William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities. 

Para a agência de classificação de risco S&P, o crescimento do PIB da China pode cair em cerca de 1,2 ponto percentual em 2020 caso os gastos de consumo, especialmente em transporte e diversão, caiam 10%. 

Para restringir a propagação do vírus durante as festividades do Ano Novo chinês, o governo suspendeu nesta segunda as viagens organizadas na China e para o exterior, um duro golpe para o turismo, peso-pesado da economia com 11% do PIB em 2018 segundo cifras oficiais. 

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