quinta-feira, 18 abril 2024

Vivendas reuniu milicianos 12 vezes

Élcio Queiroz, acusado de participação no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, entrou ao menos 12 vezes no condomínio Vivendas da Barra de janeiro a outubro do ano passado -a vereadora do PSOL foi morta em março. 

Apreendidas pela Polícia Civil, as planilhas de controle de acesso indicam que, em 11 dessas visitas, Élcio sempre teve como destino a casa 65, de Ronnie Lessa, policial militar aposentado também acusado e preso pelo crime. 

A única exceção é a entrada no dia do crime, 14 de março, quando a planilha manuscrita indica que a autorização de acesso na portaria foi dada por algum morador da casa 58, onde vivia o atual presidente Jair Bolsonaro -então deputado federal. 

Essa menção ao imóvel do presidente passou a ser alvo de averiguação no mês passado quando um dos porteiros declarou, em depoimentos à polícia, que o ex-PM Élcio entrou no condomínio naquele dia após autorização do “seu Jair”, da casa 58. 

A citação ao presidente, porém, logo foi considerada equivocada na investigação. Isso porque, no dia do crime, o então parlamentar Bolsonaro estava em Brasília e registrou presença em sessões de votação na Câmara. 

Além disso, uma perícia feita pelo Ministério Público em gravações da portaria apontou que quem autorizou a entrada de Elcio naquele dia foi Ronnie Lessa. 

Presos, tanto Élcio como Ronnie afirmaram em interrogatório na Justiça que são amigos de duas décadas e frequentam um a casa do outro. 

A reportagem identificou as entradas de Élcio com base na placa do carro que ele declarou à Polícia Civil. Além disso, as entradas descrevem seu número de identidade da PM -corporação da qual foi expulso em 2015. 

Em todos os acessos feitos para o imóvel de Ronnie, a coluna sobre o responsável pela autorização está preenchida -constam cinco nomes diferentes nesse período. Na referência à casa do presidente, o campo não foi preenchido. 

Mas a Procuradoria-Geral da República considera que não há indícios contra o presidente no crime. A investigação iniciada logo após o assassinato, em 14 de março, teve falhas reconhecidas pelo delegado Giniton Lages, responsável pelo inquérito até março deste ano, quando Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos. 

As falhas atrasaram a identificação dos acusados do crime e ocorreram na coleta e análise de imagens a fim de identificar o trajeto feito pelo veículo usado pelos assassinos, um Cobalt. 

Isso impediu, inclusive, que a polícia pudesse determinar se o carro saiu ou não do condomínio Vivendas da Barra. 

 
Por Italo Nogueira e Marina Lang

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