sexta-feira, 19 abril 2024

Aumento no preço de produtos impacta bolso de donos de pets

 A ração subiu muito. Um saco de 15 quilos de ração da mais barata, que no ano passado estava R$ 39, hoje sai por R$ 65

Pet I A labradora Nata (Foto: Divulgaçao)

Farinha de proteína animal, milho, arroz, trigo e soja tiveram um aumento médio acumulado de 100% desde o início da pandemia. Com isso, vários setores foram afetados, e um dos que mais tem sentido essa alta é o de produtos para animais de estimação. Ração, remédios, produtos veterinários e de higiene estão com preços nas alturas, assustando os donos de pets.

“A ração subiu muito. Um saco de 15 quilos de ração da mais barata, que no ano passado estava R$ 39, hoje sai por R$ 65. Os donos não deixam de comprar, claro, pois amam seus animais. Mas quem comprava uma ração premium hoje opta por uma mais em conta”, relata Amanda Frausino, proprietária de um agro pet no Parque das Nações, em Americana.

Os donos de animais confirmam essa lógica de buscar sempre um produto mais barato. “A ração que eu gostava de dar para a Nala, eu não posso mais. Está mais de R$ 100 o saco de 15 quilos. A alternativa é uma mais barata”, diz Maria Amélia Bette, se referindo a sua labradora de estimação. Hoje ela gasta quase R$ 200 por mês só de alimentação. Roupas, remédios e vacinas levam esse valor a quase dobrar às vezes.

Segundo informações da Abinpet (Associação Brasileira de Produtos para Animais de Estimação), apesar de não sofrer com desabastecimento, ou com falta de compradores desde o começo da pandemia, o setor pet atravessou 2021 ainda sob efeitos adversos.

Entre 2020 e 2021, a soja, por exemplo, teve alta de 40%. Milho, 57% e o trigo processado, 21% de alta. Já as proteínas de origem animal, também amplamente utilizadas na produção de pet food, chegaram a registrar mais de 160% de aumento.

“A indústria atende um mercado resiliente. Dessa forma, as famílias que possuem pets em casa não deixam de comprar os produtos, mesmo quando são obrigadas a optar por um produto mais em conta”, comenta o presidente-executivo da Abinpet, José Edson Galvão de França. “Mas, para não penalizar demais o consumidor, o setor tem absorvido muito da alta dos custos. Dessa forma, estamos em um cenário de estagnação. As empresas têm dificuldade em crescer, aumentar o parque industrial ou a geração de empregos pois há pouco espaço para investir”, completa.

Associações
Quem também sente dificuldade em fazer crescer seu trabalho são associações como a Apaasfa (Associação Protetora dos Animais de Americana São Francisco de Assis), que recolhe e cuida de animais abandonados. Hoje, são 20 animais sendo tratados, entre cães e gatos. E esses seguidos aumentos têm pesado.

“Os animais não vivem só de ração. Eles necessitam de vacinas contra viroses importadas, que não são baratas, vermífugos, remédio contra pulgas e carrapatos para manter as doenças longe deles. E tudo isso foi impactado com reajustes”, lamenta a presidente da Associação, Conceição Negri.

“Eu gostaria de cuidar de mais, mas hoje é impossível, mesmo fazendo vaquinhas e rifas. Não me lembro de uma época tão difícil como essa na proteção animal. Muito abandono, pouca castração, falta de conscientização e de políticas públicas eficientes”, enumera Conceição.

Impostos 

Para o presidente da Abinpet, uma alternativa para amenizar o problema neste momento de dólar alto e disparada no preço das commodities seria a diminuição da carga tributária imposta ao setor. O total corresponde a 51,2% (para pet food, produto mais procurado, é 54,2% sobre o valor total), fazendo com que qualquer crescimento real seja baixo ou mantenha a indústria estagnada. “Mesmo com o aumento de 15% na produção de ração em 2021, chegando a 3,62 milhões de toneladas, os custos pressionam muito o setor”, concretiza Galvão de França. 

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