Felipe Corá é acusado de racismo após criticar Dia da Consciência Negra
Ao menos cinco entidades e coletivos de classe de Santa Bárbara d’Oeste protocolaram notas de repúdio e pedidos de posicionamento da Comissão de Ética e Decoro da Câmara contra as afirmações do vereador Felipe Corá (Patriota), que disse na última sessão do Legislativo considerar o Dia da Consciência Negra “o dia da hipocrisia, do vitimismo e da divisão racial”.
No pronunciamento na terça (23), Corá disse ainda que prefere “se ater a lideranças como a princesa Isabel, que liberou os escravos, do que a Zumbi dos Palmares, que perseguia os negros e vendia escravos para os europeus”.
Até o momento, se manifestaram formalmente a Associação Cultural Beneficente Carolina Maria de Jesus, a Associação de Capoeira Motta e Cultura Afro, a Câmara Setorial de Cultura Afro, Popular e Urbana, o Coletivo de Mulheres Negras: Carolina Maria de Jesus e o Comed (Conselho Municipal de Educação de Santa Bárbara d’Oeste).
A Associação Cultural Beneficente Carolina Maria de Jesus classificou a linguagem usada por Corá como “desprovida de educação e depreciativa, com teor racista e discriminatório”. “Tais declarações demonstram o despreparo e desconhecimento do vereador sobre a temática racial, e que colidem com a própria Constituição Brasileira, que preconiza ações afirmativas”, diz a associação, em nota. “Nossa luta é pela compreensão de uma sociedade plural e contra qualquer forma de opressão. Racismo não é questão de opinião, racismo é crime”, continua.
Em documento conjunto, A Associação de Capoeira Motta e Cultura Afro, a Câmara Setorial de Cultura Afro Popular e Urbana e o Coletivo de Mulheres Negra: Carolina Maria de Jesus destacam que “é inadmissível que um ambiente denominado ‘A Casa do Povo’ e onde há pouco ocorreu a ‘Cerimônia da Medalha de Mérito Zumbi dos Palmares’ seja um ambiente onde é permitido destilar ódio”.
Já o Comed ressalta o trabalho de reflexão sobre as desigualdades raciais desenvolvido pelos profissionais da educação do município durante a Semana da Consciência Negra, em alinhamento com a lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana, afrobrasileira e indígena na educação básica.