Guilherme Dall’Orto nega que tenha havido algum pedido ilegal ou contrapartida pelo pastor ou ministro em encontro ocorrido ano passado
O empresário Guilherme Dall’Orto, de Sumaré, também figura na lista de pessoas da região que se reuniram com o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o pastor Arilton Moura, pleiteando a liberação de recursos para municípios. O empresário intermediou o encontro em novembro do ano passado em favor da Prefeitura de Dracena (SP). O prefeito de Dracena, André Lemos, também esteve na reunião. O ex-ministro e pastores são acusados de envolvimento em um esquema de cobrança de propina em troca do envio de recursos para prefeituras. Na reunião, Dall’Orto representou o deputado federal Coronel Tadeu (PL). O empresário sumareense nega qualquer irregularidade na agenda.
As fotos da reunião ganharam repercussão nacional na divulgação do caso.
Em fevereiro deste ano, a Prefeitura de Dracena anunciou a instalação de uma escola cívico-militar na cidade. Dall’Orto negou que tenha havido algum pedido ilegal ou contrapartida pelo pastor ou ministro. A assessoria de Dall’Orto disse que a reunião foi pública, registrada em agenda, pedidos foram feitos por meio de canais oficiais e nenhum valor foi liberado até o momento.
O prefeito de Dracena foi procurado via assessoria de imprensa para comentar o encontro, mas não retornou até a conclusão da reportagem.
Segundo as denúncias, os pastores ligados ao ministro Milton Ribeiro são acusados de cobrar propina para liberar recursos a municípios. Bíblias, inclusive, eram parte da propina, como forma de pagamento de vantagens indevidas a prefeitos.
Ribeiro passou por Nova Odessa em 21 de agosto de 2021 no evento chamado Gabinete Itinerante. Em outubro, a cidade anunciou R$ 3,6 milhões voltados à compra de materiais didáticos para escolas e a construção de uma creche. A prefeitura, porém, alega que o dinheiro ainda não foi liberado.
A Prefeitura de Nova Odessa nega que Bíblias tenham sido distribuídas no Gabinete Itinerante na cidade e enfatizou que não houve pedido de vantagem por terceiros ao prefeito e ao secretário de Educação.
Ex-Ministro
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu no dia 28 a exoneração do cargo. A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar o ministro. A medida foi autorizada pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia.
A investigação foi aberta após a publicação de matérias sobre suposto favorecimento na liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao Ministério da Educação.
Na segunda-feira (21), uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo divulgou um áudio em que Milton Ribeiro, diz favorecer, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, prefeituras de municípios ligados a dois pastores.
Em outro inquérito, a PF também investiga as supostas irregularidades. A polícia recebeu na semana passada um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). Segundo o órgão, os fatos são investigados desde o ano passado, antes da divulgação da gravação.
Após a divulgação do caso, em nota divulgada à imprensa, o então ministro Milton Ribeiro disse não haver nenhum tipo de favorecimento na distribuição de verbas da pasta. Segundo Ribeiro, a alocação de recursos federais segue a legislação orçamentária.
“Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”, disse