Christian Bale é um vira-casaca. Desde 2015, o ganhador do Oscar de melhor ator por “O Vencedor”, de 2010, estava comprometido a protagonizar o filme sobre a vida de Enzo Ferrari, o fundador da montadora de carros de luxo.
Ele começou a aprender o dialeto de Modena, utilizado por Ferrari quando estava ao lado de concorrentes italianos, bebeu o lambrusco preferido do dono da escuderia, jantou no restaurante onde costumava fazer suas refeições e ganhou peso.
Três anos atrás, no entanto, Bale abandonou o projeto que seria dirigido por Michael Mann e teria gente como Tom Cruise e Brad Pitt no elenco. Agora, aparece em “Ford vs. Ferrari”, mas no papel do adversário Ken Miles, piloto contratado pela americana Ford para derrotar a italiana Ferrari na prova 24 Horas de Le Mans, em 1966.
“Era um roteiro fantástico, mas comecei a sentir que teria um ataque cardíaco ao engordar. Meu corpo estava gritando: ‘Você não pode fazer isso agora’. Precisei parar e perder peso”, conta Bale à Folha.
No filme, a Ford, uma montadora gigantesca, deseja humilhar a Ferrari depois de um acordo frustrado, e decide criar uma equipe de corridas. Mas o time de marketing e a diretoria têm dificuldades em aceitar o brilhante porém rebelde Ken Miles, um piloto veterano da 2ª Guerra.
Bale diz que sua atração foi pelo Miles paternal. “Ele tinha obviamente uma paixão eterna pelas corridas, mas agora era pai. Será que ele conseguiria seguir esse sonho tão perigoso?”, explica o astro, que, mesmo adorando motociclismo, não conhecia a história do piloto britânico que interpreta. “É um grande herói desconhecido.”
LE MANS
Parte disso vem da famosa prova de 1966 em Le Mans, recriada com perfeição por Mangold. Miles chega como um dos pilotos da Ford e com duas importantes vitórias no mesmo ano. “O que acontece depois que Miles cruza a linha de chegada renderia outro filme de seis horas”, exalta Christian Bale.
“Você tem o homem e a máquina, que ele controla como ninguém. De repente, surgem as burocracias, regras e federações gritando palavras de ordem contra ele. Ao entrar no carro, estava no seu território. O problema era quando ele saía dele.”