terça-feira, 16 abril 2024

Apreensões de drogas disparam em Viracopos

Faltando pouco mais de quatro meses para o término de 2019, o volume de drogas apreendidas no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, já é quase seis vezes maior do que a quantidade registrada em todo o ano passado. O número de prisões também disparou. 

De 1º de janeiro até a última semana, foram 215 quilos de cocaína descobertos em 27 apreensões pela Receita e Polícia Federal no aeroporto campineiro, contra 36,8 quilos em oito apreensões ao longo de 2018 – entre os quais 14,5 quilos de droga sintética (MDMA ou ecstasy). 

INSPEÇÃO | Cocaína é disfarçada em fundos falsos

Quando a comparação é somente em termos de cocaína, a droga mais rentável nas rotas do tráfico internacional, o aumento no volume de apreensões de 2019 impressiona: foram 12,8 quilos em 2018, contra os 215 quilos deste ano até aqui – quase 17 vezes mais. 

Também cresceu consideravelmente o número de traficantes presos tentando embarcar drogas para o exterior a partir de Campinas – que possui duas rotas internacionais muito visadas pelos traficantes (Paris/Orly, na França, e Lisboa, em Portugal). Em 2018, foram efetuadas três prisões, contra 25 somente de janeiro a agosto deste ano (aumento de mais de oito vezes). 

PATRULHA CANINA 

Além da atuação da tecnologia instalada no aeroporto, com scanners e equipamentos de raio-x, e dos agentes da Receita Federal, o aumento expressivo nas apreensões coincide com a chegada de pelo menos dois cães de faro, que passaram a integrar as equipes de Vigilância de Repressão em Campinas este ano. Até então, o aeroporto não dispunha de cães farejadores. 

BLACK | Fareja bagagens

A cadela “Eika” e o cão “Black” estiveram diretamente envolvidos em 40% das 27 apreensões deste ano. Na maior apreensão de cocaína deste ano em Viracopos (49,5 quilos), a ação de um dos K9 da Receita foi decisiva. O caso foi no mês passado, e o preso não era passageiro, como ocorre na maioria dos casos, mas sim um funcionário que operava o trator de uma empresa terceirizada que atua no embarque das bagagens. Os agentes de Vigilância e Repressão da RF suspeitaram do funcionário, que fazia movimentação anormal na área de embarque de bagagens. Com o auxílio do cão, agentes descobriram que duas bolsas que ele tentava embarcar estavam carregadas com quase 50 quilos de cocaína pura – avaliadas em R$ 10 milhões. O homem foi preso em flagrante. 

A pena prevista para condenados no crime de tráfico internacional de drogas é de cinco a 15 anos de reclusão. 

Segundo a Receita, os traficantes tentam terminais aéreos no exterior que acreditam ser mais frágeis em relação à segurança. Este ano, em 24 dos 27 casos registrados as tentativas de embarques foram em voos para o aeroporto de Orly, nos arredores de Paris (França). Semanalmente há três voos diretos de Campinas para a capital francesa. Os outros três casos de 2019 foram em voos para Lisboa, em Portugal. 

TRAFICO INTERNACIONAL DIVERSIFICA ESTRATÉGIAS  

Entre os 25 traficantes presos este ano em flagrantes em Viracopos estão pessoas de nacionalidades diversas, como espanhóis e portugueses, além de brasileiros, que tentaram embarcar com cocaína principalmente em malas ou bolsas. Mas as estratégias são variadas, e vão de transportar a droga no próprio corpo (engolindo cápsulas ou as introduzindo em partes íntimas) a disfarçar em outros tipos de produtos, em cintos ou coletes. 

Outra técnica já detectada pela segurança da Receita é produzir uma espécie de goma com a cocaína para espalhar em forros de roupas ou dentro de malas na tentativa de burlar equipamentos de raio-x. 

Alguns traficantes utilizam embalagens que supostamente atrapalham a detecção pelos scanners, mas acabam flagrados. Em novembro do ano passado, por exemplo, a fiscalização da RF apreendeu, na Alfândega de Viracopos, três quilos de cocaína diluídos em forma líquida e escondidos em três embalagens identificadas como sabão líquido e shampoo. Despachados de São Paulo, os fracos tinham como destino Hong Kong, na China. 

NOS SHAMPOOS | Cocaína diluída nos cosméticos

Segundo um auditor fiscal, que pede para manter a identidade em sigilo, a atenção e o treinamento precisam ser constantes, uma vez que os traficantes estão cada vez mais criativos em suas tentativas de burlar a segurança. 

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