terça-feira, 16 abril 2024

Citado por Trump no combate ao coronavírus, HCQ ‘some’ das farmácias

A presença do presidente norte-americano Donald Trump na TV, sugerindo à FDA (a Anvisa norte-americana) a aprovação da HCQ (hidroxicloroquina) no combate ao coronavírus, provocou uma corrida amalucada às farmácias brasileiras. E o remédio – que já era usado no tratamento da artrite reumatoide, do lúpus e da malária – simplesmente sumiu das prateleiras.

Dirigentes de algumas das drogarias mais movimentadas de Americana conversaram com a reportagem do TodoDia e reclamaram que, por conta da procura intensa pelo medicamento, eles já não conseguem repor o estoque. As distribuidoras informam que o remédio está em falta.

De acordo com Clóvis Gomiero, gerente da Droga Pires da Rua Fernando Camargo, o mercado não estava preparado para tantos pedidos.

“As farmácias trabalhavam com um estoque pequeno, para atender aquele grupo conhecido de usuários do medicamento. Mas só na quarta-feira, por exemplo, eu vendi tudo o que eu tinha”, disse.

William Lira, gerente da Droga Raia da Avenida De Cillos, afirma que, antes da notícia correr, ele passava até um mês sem vender uma caixa sequer da hidroxicloroquina.

“É um medicamento que precisa do receituário médico. As duas caixas que tinha na prateleira foram vendidas para um antigo cliente. Mas, de repente, muita gente entrou na farmácia pedindo o remédio. Foi uma loucura”, diz.

Ele diz que o estoque central da rede garante, ainda, o abastecimento das filiais. Mas não sabe dizer como vai garantir o medicamento para clientes com artrite, por exemplo, no momento em que o estoque acabar.

EGOÍSMO
Edílson Fábri, gerente da rede Farmavida, diz que o cenário mostra como as pessoas são irresponsáveis, movidas pelo egoísmo.

“Na verdade, o medicamento ainda está sendo testado, como tantos outros. São necessários estudos mais aprofundados, conclusivos. Mas sabemos que a hidroxicloroquina precisa, sim, ser consumida por quem já se trata das outras doenças. Não pode faltar para eles”, diz.

E a situação, diz, exige ação emergencial do governo federal. Por conta da procura descontrolada, é determinada a suspensão do fornecimento às farmácias, para que possa haver controle do abastecimento e regulação do mercado. “Não tenho uma caixinha sequer na prateleira”, afirmou.

Anvisa deve autorizar

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve autorizar a adoção do medicamento em casos de Covid-19, com a publicação dos resultados científicos, mas ele deve permaneceria inicialmente à disposição dos hospitais.

A agência registrou o uso do sulfato de hidroxicloroquina com a indicação para o tratamento de reumatismo e de doenças de pele.

De acordo com o fabricante, a empresa EMS, sediada em Hortolândia, podem fazer uso os pacientes de artrite reumatoide ou em tratamento supressivo de malária.

A farmacêutica possui o registro do genérico desde 2018. O medicamento, segundo o laboratório, pode ainda ser usado contra o lúpus, problemas de pele provocados ou agravados pela luz solar.

O genérico custava R$ 50 nas farmácias da região. Ainda podiam ser encontradas nas prateleiras marcas de outros fabricantes, como o Plaquinol e o Reuquinol, com o mesmo princípio ativo. A caixa com 30 comprimidos era vendida a um preço médio de R$ 85nas drogarias.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também