sábado, 20 abril 2024

Megaoperação na RMC expõe esquema de desmanche de veículos

Uma megaoperação da Polícia Civil, batizada de “Rota da Seda”, realizada ontem (30) em três Estados brasileiros, coloca Campinas e mais três cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) – Hortolândia, Indaiatuba e Valinhos – entre as mais importantes nos crimes de receptação e falsificação de documentos de veículos furtados no país. 

Segundo a Polícia Civil de Brasília (DF), as quatro cidades, ao lado de Brasília, Goiânia e Águas Lindas de Goiás, contam com uma organização criminosa formada por receptadores – entre eles empresários com alto padrão de vida – envolvidos na receptação e desmanche de pelo menos dois mil veículos nos últimos dez anos. 

Na operação desta segunda-feira (30), segundo a Polícia Civil de Brasília, foram presos em flagrante ou temporariamente 25 acusados, sendo 14 delas em Brasília, oito em São Paulo e três em Goiânia, cidades onde foram lacradas também dezenas de revendedoras de autopeças. 

No território paulista foram mobilizados cerca de 100 policiais, que cumpriram oito mandados de prisão e 11 de busca e apreensão, além de um flagrante por porte ilegal de arma, nas cidades de Campinas, Louveira, Sumaré, Valinhos e Indaiatuba. “Foram presas em Campinas e cidades próximas alguns dos chefes do grupo criminoso. Eles que tomavam as decisões e passavam as diretrizes”, explicou a delegada Isabela Meireles, da Polícia Civil do DF. 

Para descobrir a organização criminosa, policiais se infiltraram no comércio de autopeças do setor H Norte, em Taguatinga, no Distrito Federal, e, passando-se por empresários, simularam compras de lotes de peças (chamados de “pacotes” ou “kit lata”). A partir daí, conseguiram descobrir todo o esquema e chegar até os núcleos em SP e GO. Segundo a Polícia, ao menos 95% das lojas do DF atuam com alguma irregularidade. 

Os trabalhos agora avançam para desvendar outras rotas ilegais de transporte de peças e prisão de mais lojistas que também se encontram envolvidos. 

“ROTA DA SEDA” 

A operação foi batizada de “Rota da Seda” em alusão às diversas rotas comerciais que na antiguidade se originavam na Ásia e faziam chegar aos europeus diversos produtos sem que eles soubessem a que preço isso acontecia. Na ação foram utilizados cerca de 450 policiais, 3 aeronaves e 100 viaturas para cumprirem aproximadamente 120 mandados de prisão preventiva, prisão temporária, buscas e apreensões, assim como interdições de lojas. Também foram empenhados 18 auditores fiscais da Secretaria de Fazenda do DF para compor as equipes e efetuar as devidas autuações administrativas. 

As informações da Polícia Civil de Brasília é que a investigação demonstrou que os veículos eram furtados em Campinas e região, cortados em galpões gigantes e imediatamente remetidos às lojas do DF. 

Era uma verdadeira indústria de roubo e furto de carros e desmanches. Pelo menos seis caminhões diferentes eram usados no transporte das peças. Cada caminhão comportava em média dez veículos cortados. Eles chegavam a transcorrer o percurso DF-GO-SP até três vezes na semana, indicando, portanto, grande volume de carros roubados que eram inseridos no mercado de autopeças. 

Para ludibriar a fiscalização rodoviária, eram emitidas notas fiscais frias. Todos os números de identificação do chassi também eram suprimidos, impedindo que fosse possível identificar e vincular as peças transportadas a ocorrências de roubos e furtos em SP. 

Durante a investigação, um dos caminhões acabou apreendido e toda sua carga foi retirada. Nessa oportunidade, foi possível montar, como um quebra cabeça, no pátio do IC (Instituto de Criminalística), dez carros completos. 

Há casos de carro furtado em um dia e no outro dia estava no comércio do DF, segundo a Polícia. 

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