quinta-feira, 25 abril 2024

Uma pipa: 168 pessoas ‘no escuro’

As pipas deixaram 165,9 mil clientes sem energia entre janeiro e julho deste ano, na região de Campinas, segundo a CPFL Paulista. No mesmo período do ano passado foram 164,7 mil clientes atingidos.
De acordo com dados apurados pela área operacional da CPFL Paulista, entre janeiro e julho deste ano foram contabilizadas 989 ocorrências por conta das pipas em Campinas, Hortolândia, Sumaré, Americana, Piracicaba, Indaiatuba, Valinhos e Itatiba. Em média, cada interrupção deixou 168 clientes sem energia por 2h07. Os números são ligeiramente inferiores ao quadro de 2017 no mesmo período, quando foram registradas 1.006 ocorrências, deixando 164 consumidores, em média, 2h09 com o fornecimento de energia elétrica interrompido.
Sanderson Amaral, 37, subsíndico de um residencial na Avenida Emílio Bosco, em Sumaré, é um dos clientes atingidos. “Muitas crianças e adolescentes soltam pipa aqui e várias vezes falta energia por conta das pipas que enroscam nos fios”, conta. De acordo com ele, é preciso ligar na CPFL para resolver o problema, mas ficar sem energia acaba atrapalhando.
Segundo o autônomo Nivaldo Eleutério, 38, morador do Jardim Campo Belo, em Campinas, é comum faltar energia por causa de pipa. “Acontece sempre. Tem um monte de gente que solta pipa, inclusive um monte de adulto, e muita gente usa cerol, além do perigo para quem anda de moto e bicicleta, acaba cortando os fios. A gente fica sem energia para tomar banho”, diz.
De acordo com a companhia, Campinas lidera o ranking de ocorrências na região, com 453 interrupções entre janeiro e julho. Indaiatuba e Americana apresentam crescimento da quantidade de interrupções na comparação entre 2017 e 2018, com alta de 111,4% e 33,3%, respectivamente. Itatiba registra a maior duração média de interrupção por ocorrência, em torno de 3h28. Somadas todas as ocorrências, o uso de pipa provocou 2.100 horas acumuladas de falta de energia em 2018.
A interrupção do fornecimento de energia por conta das pipas pode ocorrer por rompimento dos cabos pelo uso de cerol ou as linhas que ficam enroscadas nas redes elétricas provocam desgastes nos fios, podendo levar a curtos-circuitos e derretimento.

Risco de acidentes aumenta

A CPFL destaca que os meses de janeiro e julho, período de férias escolares, registram historicamente aumento significativo de ocorrências com pipas. Isso porque as crianças e adolescentes aproveitam o tempo livre para curtir a prática de empinar pipa.
A brincadeira de pipas em áreas urbanas, porém, é um tema de extrema seriedade. Empinar pipa perto da rede elétrica pode causar acidentes sérios e, até mesmo, fatais. Esse risco se acentua se a pipa estiver sendo usada com cerol ou linha chilena, condutores de eletricidade.
Em janeiro de 2015, um caso trágico chamou atenção na região. Um adolescente de 14 anos e seu primo de 8 tiveram os braços amputados depois de receberem uma descarga elétrica ao tentar tirar uma pipa da rede elétrica, em Campinas. O acidente ocorreu na Vila Padre Anchieta.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, os meninos usaram uma barra de ferro para a tentativa de retirada da pipa que havia ficado presa na rede elétrica.
Ainda de acordo com o grupamento de resgate, eles subiram no parapeito de ferro de uma casa e se seguraram um ao outro para tentar pegar o brinquedo.
“O Grupo CPFL está comprometido com a segurança da população. Reforçamos a necessidade do acompanhamento e instrução de pais e responsáveis no uso do brinquedo. Os acidentes elétricos causados pelas pipas poderiam ser evitados se fossem adotados cuidados simples, como escolher locais longe da fiação elétrica, em campos abertos e parques com áreas planas”, afirma o gerente de Saúde e Segurança da CPFL Energia, Marcos Victor Lopes.

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