quinta-feira, 18 abril 2024

Vacinação está abaixo da média

O índice de imunização contra o vírus da poliomielite nas cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) está em 85,51%, abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 95%. Apesar de o risco do vírus da doença que causa a paralisia infantil voltar a circular ser baixo, ele existe, segundo a Diretoria de Imunização do Estado. Das 20 cidades que compõem a RMC, 13 estão com o índice de vacinação abaixo do recomendado.
O Ministério da Saúde divulgou uma lista de 312 cidades em todo o país que estão com a imunização abaixo de 50%. Esses municípios são os que estão mais vulneráveis, mesmo a pólio sendo uma doença já erradicada no Brasil. No entanto, o risco não é só delas.
“O risco existe para todos os municípios que estão com coberturas abaixo de 95%. Temos que ter em mente que a vacinação é a única forma de prevenção da Poliomielite e de outras doenças que não circulam mais no país. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas, conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. É uma questão de responsabilidade social”, alertou a coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Carla Domingues.
O Brasil adota em seu esquema vacinal básico a vacina antipólio oral (VPO – Sabin), no seguinte esquema: 1ª dose, aos 2 meses; 2ª dose, aos 4 meses; 3ª dose, aos 6 meses; reforço, aos 15 meses.
Para a Dra. Helena Sato, Diretora de Imunização do Estado de São Paulo, a cobertura vacinal na região de Campinas é muito boa. “Em 2015 atingiu 100%, em 2016 98,8% e em 2017 baixou um pouco e está nessa média de 85,51%.
Na série histórica nos últimos dois anos a cobertura foi elevada. Em 2017 que baixou um pouco, mas não temos uma população suscetível grande. O risco existe, ele nunca é zero, mas a chance de o vírus voltar a circular é pequena, pois a regional tem elevada cobertura vacinal”, explicou.
Na região, por exemplo, Cosmópolis está com o índice de imunização em 76,6%, Indaiatuba, 79,3%, Morungaba 77,6%, Americana 84,6%, Campinas 81,8 %, Sumaré 84,8%, Nova Odessa 78%. Holambra tem 114%, Santa Bárbara d’Oeste 106% e Valinhos 134%.
Esses índices são de 2017, referentes a todas as crianças de até um ano e que tomaram a terceira dose da vacina.Nos casos que estão acima de 100% de cobertura, a diretora explicou que pode ser erro de digitação ou que foram vacinadas mais crianças de até um ano do que a população dessa idade registrada como moradora da cidade. “Logo, esses números serão revistos para saber qual a população real dessa idade no município”, destacou.

 
VÍRUS AINDA CIRCULA

A poliomielite ou “paralisia infantil” é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se subitamente e sua evolução, frequentemente, não ultrapassa três dias. Acomete em geral os membros inferiores.
A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral, por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, através de gotículas de secreções ao falar, tossir ou espirrar.
A vacinação é a única forma de prevenção da Poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas.
Dra. Helena explicou que o último caso de paralisia infantil registrado no Estado de São Paulo foi em 1988. “Depois desse não houve mais nenhum caso. Vale lembrar, que de todos que se infectam com o vírus, 5% vão desenvolver a forma paralítica da doença, os outros 95% não vão ter nenhum sintoma, ou vão ter sintoma leve”, disse.
A especialista aponta que há um certo descuido das pessoas porque não conhecem o perigo. “Pessoas com 30 anos nunca viram casos de paralisia, não tiveram familiares próximos com essa doença e nem amigos. Não sentiu o problema, por isso o descuido”, explicou.
Ela também lembra que o vírus não foi totalmente erradicado no mundo. “No mundo tem três países onde o vírus ainda circula: Afeganistão, Paquistão e Nigéria. Não importa se ficam do outro lado do mundo, a interface e a comunicação entre os continentes é muito grande, por isso a OMS (Organização Mundial de Saúde) continua orientando sobre a vacinação. Precisa vacinar sim porque existem casos. O vírus vem de fora”, reafirma.

CAMPANHA

A próxima Campanha Nacional de Vacinação contra a pólio será de 6 a 31 de agosto. O Ministério da Saúde reforçou que todos os pais e responsáveis têm a obrigação de atualizar as cadernetas de seus filhos, conforme esquema de vacinação de rotina. “As vacinas ofertadas pelo SUS estão disponíveis durante todo o ano, exceto a da gripe que faz parte de uma campanha e exige um período específico de proteção”, disse Carla Domingues.

 
BAIXA PROCURA

Diretora de Imunização do Estado de São Paulo, Dra. Helena Sato chamou a atenção para a baixa procura por vacinação registrada nos últimos anos. Com relação à gripe, dois grupos prioritário não atingiram a meta: as crianças, que atingiu apenas 58%, e das grávidas que atingiu apenas 60%. A imunização contra a febre amarela atingiu apenas 60%.

“Com relação à gripe, as pessoas deixam de tomar porque confundem gripe com resfriado. Tomava a da gripe e tinham resfriado por isso acham que não funciona. Ou então pensam que devido a vacina ser feita com o vírus acham que vão pegar gripe se tomar a vacina”, explicou.
Ela lembrou que a gripe tem sintomas fortes, com risco de pneumonia e internação, já o resfriado é leve, caracterizado por tosse e coriza, mas pessoa fica bem. A gripe é causada pelo vírus Influenza e o resfriado pelo Rotavírus.
FEBRE AMARELA
Já sobre a Febre Amarela, ela explicou que a baixa demanda ocorreu por conta da dose fracionada. “Como foi feita a vacinação com a dose fracionada, as pessoas achavam que era uma dose fraca. Mas não é fraca. É utilizado 1/5 da dose e é o suficiente para desencadear a proteção da dose padrão. Ela dura por pelo menos oito anos e só depois disso precisaria de uma nova dose, mas se os estudos informarem que a proteção é por um período maior ainda isso também será informado”, destacou.
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