sábado, 20 abril 2024

Câncer de mama: um apelo à prevenção

Exames disponíveis nas redes públicas auxiliam no diagnóstico precoce, fundamental no combate à doença 

(Arte: Folhapress)

Com a chegada do “Outubro Rosa”, municípios se mobilizam para evidenciar a pauta da prevenção do câncer de mama, facilitando acesso a exames preventivos como a mamografia, já que o diagnóstico precoce é um fator de peso para o tratamento contra a doença.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a incidência da doença nas mamas é a mais comum entre as mulheres, e correspondeu a quase 30% dos casos entre elas em 2020 (66.280 pessoas).

A enfermeira Carla Milani, responsável técnica do Centro de Oncologia do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, alerta que os principais fatores de risco incluem hábitos e questões ambientais como obesidade, sedentarismo, alcoolismo, tabagismo, menstruação antes dos 12 anos, nulípara (mulher que nuca teve filhos), menopausa após os 55 anos e histórico familiar da doença, sobretudo antes dos 50 anos.

Na maioria dos casos, a estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio, sobretudo com o reconhecimento dos sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama como nódulo fixo ou indolor, que é a principal manifestação da doença e está presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher.

A pele da mama com coloração avermelhada, mama com aspecto retraído ou com aspecto de casa de laranja, alterações anormais no mamilo, como saídas de líquidos do bico do peito (sem apertar) de cor vermelha ou transparente e pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço são outros indícios.

“Por isso a importância de realizar a mamografia. Esse exame é capaz de identificar um tumor não palpável menor que um centímetro, e quanto menor o tumor, maiores são as chances de cura”, orienta a enfermeira, que possui especializações em oncologia, gestão de qualidade e segurança do paciente e em cuidados paliativos e manejo da dor.

TRAUMA E CORAGEM
Márcia Rovina Neves, de 57 anos, é colaboradora e também se tornou paciente do hospital em que trabalha.
A auxiliar de faturamento fazia os exames regularmente, até uma pequena alteração chamar atenção do ginecologista, que encaminhou para o mastologista para uma avaliação. O resultado da biópsia foi o diagnóstico do carcinoma de mama. “No início foi muito traumático. Chorei muito, e a minha maior preocupação era a minha mãe, que teve câncer de mama há 18 anos e não teve acompanhamento com equipe multidisciplinar na época”, relata, pontuando que esse tipo de acolhimento fez toda a diferença.

A enfermeira Carla Milani reitera que a humanização do tratamento é fundamental para paciente e família. 

A importância da mamografia após os 40
A pandemia trouxe queda nos exames diagnósticos de câncer de mama. Em 2020, o número de mamografias de rastreamento realizadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em mulheres entre 50 e 69 anos caiu 42% em comparação ao ano anterior. Mas na capital, o HCor, por exemplo, já registra retomada destes exames, que têm papel fundamental no combate à doença.

“Câncer de mama não é mais sentença de morte”, explica Fernanda Marina Marinho, mastologista da Casa de Saúde São José. “O ideal é que as pessoas tenham menos medo de procurar o rastreio, porque o diagnóstico precoce salva a vida e impacta menos a qualidade de vida da mulher.”

A mamografia é uma radiografia das mamas feita por um equipamento de raio-X e, segundo Marinho, é o único exame capaz de descobrir o câncer de mama em sua fase mais inicial, ainda sem sintomas. “A ideia é fazer um diagnóstico precoce, no qual lesões não palpáveis são visualizadas, tratadas e a curabilidade desses cânceres é imensa”, diz o médico oncologista e diretor científico do Oncoguia, Rafael Kaliks.

Por isso, é indicada a mamografia de rastreamento, feita em mulheres assintomáticas.

A Sociedade Brasileira de Mastologia e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia recomendam que o exame seja feito anualmente em mulheres a partir dos 40 anos. No contexto do SUS, a indicação é que a mamografia seja realizada a cada dois anos em mulheres acima dos 50.

Kaliks recomenda que o início do rastreamento seja aos 40 anos e que o exame seja repetido todo ano. “Na nossa população, existe uma incidência em faixas etárias mais jovens do que outros países”, afirma.
Todavia, alguns fatores podem antecipar a idade de rastreamento. “Mulheres que têm parentes de primeiro grau que tiveram câncer de mama em idade jovem, antes da menopausa, têm recomendação de começar o rastreio dez anos antes da idade que o familiar teve câncer”, relata a mastologista Fernanda Marinho.

Com informações FOLHAPRESS


Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também