sexta-feira, 19 abril 2024

Crise aumenta serviços em sapatarias e entrega chega a dois meses em Americana

Funcionários e proprietários de sapatarias relataram alta demanda na cidade

Pai e filha, Edson Roberto Bonganha e Suelen Cristina Bonganha Silva (Foto: Divulgação)

Os impactos econômicos causados pela pandemia afetaram o poder de compra do consumidor americanense. Com o aumento dos preços, as pessoas estão deixando de comprar novos sapatos e recorrendo a sapatarias especializadas em reparos de calçados. O prazo para entrega chega a ser de dois meses.

Funcionários e proprietários de sapatarias de Americana relataram ao TODODIA que a demanda por consertos de calçados subiu nos últimos meses na cidade.

Funcionária de uma sapataria no Centro, Geovana Facion, de 17 anos, disse que o clima frio também tem colaborado para o aumento da busca por serviços de reparos em calçados, como botas.

“A procura por reparos de botas aumentou bastante neste último mês”, afirmou Geovana.

Funcionário de uma sapataria no bairro Jardim Girassol, Moacir dos Santos, de 46 anos, revelou que o estabelecimento está temporariamente sem aceitar novos pedidos de reparos, até que consigam concluir, ao menos, a metade do serviço que já está em andamento.

“Quando estávamos pegando serviço o prazo de entrega estava sendo de 40 a 45 dias no mínimo, hoje se a gente tivesse pegando serviço seriam uns dois meses para entregar”, afirmou Moacir.

De acordo com o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da PUC-Campinas e economista-chefe da OIKOS Finanças, Economia e Gestão Estratégica, Roberto Brito de Carvalho, as áreas de serviços têm sido muito solicitadas em função das restrições orçamentárias que as famílias estão sofrendo.

“Tendo em vista os achatamentos dos salários, que também têm acontecido em função do alto desemprego e da ausência de oportunidades melhores no mercado de trabalho, a renda média do trabalhador tem diminuído. O aumento de preço que está acontecendo na nossa economia tem feito com que as famílias busquem, de alguma maneira, se organizar dentro das suas restrições orçamentárias no momento” afirmou o economista.

De acordo com o professor, esse fator fez com que a ideia de reaproveitamento se tornasse uma opção, pois muitas famílias estão com dívidas em decorrência da pandemia.

“Muitas famílias estão endividadas para além daquilo que seria o razoável. A indústria têxtil na consequência disso e também de calçados acabam sofrendo a consequência. Há uma postergação desses bens para um momento de melhor saúde financeira ou de maior rendimento como acontece no recebimento de 13º salário e férias, que acontecem para muitas famílias no fim do ano”, explicou o economista.

A alternativa de restauração de produtos tem favorecido a área de serviços, como as sapatarias. As buscas estão intensificadas pela tentativa de economizar e não comprometer um rendimento futuro.

“Muita gente está preocupada em assumir dívida, e a gente sabe que, no nosso caso, no nosso país, muito do setor de semi duradouros, vestuário e calçados, as compras são parceladas. As pessoas têm evitado, tendo em vista o problema do endividamento já elevado”, afirmou o economista.

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