Funcionários e ex-colaboradores da Accell Solutions de Americana denunciam que não receberam o depósito dos vencimentos das férias há um mês, tiveram cirurgias canceladas “devido à inadimplência do convênio” e os demitidos ainda não teriam recebido as verbas trabalhistas.
“Pegamos férias faz quase 30 dias e o valor das férias não foi depositado, mesmo estando programado para estar na conta dois dias antes de sair de férias. Cirurgias foram canceladas devido à inadimplência do nosso convênio, falta de pagamento. Nós sofremos muito, parece que abriram uma empresa nova para dar falência nessa e não pagar os funcionários. Eles estão liberando para alguns que mandaram embora a chave para pegar o seguro-desemprego sem receber as verbas trabalhistas”, relata um dos funcionários que não quis ser identificado.
Eles afirmam que o mês de maio está sendo difícil. “Nosso ticket alimentação era para cair no dia 20 e até agora nada. Pessoas saíram de férias no dia 08 e até agora não receberam. Alguns estão passando necessidade. É lamentável uma empresa que emprega tanta gente chegar a esse nível”. “Esse mês mesmo foi péssimo para gente, mandaram pessoas embora e faz um mês que não pagaram as rescisões trabalhistas. Nosso convênio foi cancelado, nosso cartão de mercado está atrasado sem previsão para cair”, diz outro colaborador da empresa.
José Dilson trabalhou um ano e três meses, mas foi desligado no dia 2 de maio deste ano. “Não depositaram nada na minha conta. Eles já marcaram pra eu vir aqui na empresa três vezes e, quando chego aqui, o porteiro entra em contato e fala para voltar outra hora (…) o fundo de garantia está incompleto, tem meses que eles não depositaram o FGTS”.
Vitória Martinho Alves também foi demitida no dia 2 de maio deste ano. “Até hoje eles não me pagaram e ficam adiando. É uma humilhação ficar ali na frente esperando e mandam voltar outro dia. Não quiseram dar a chave do seguro-desemprego (…) Está um caos lá dentro”, disse a ex-funcionária.
Segundo a diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de Americana, Dayse Caetano, pessoas estão sendo demitidas e não estariam recebendo as verbas rescisórias e, ainda de acordo com a diretora, pessoas estão saindo de férias e não estariam recebendo o valor devido. “O pessoal teve o convênio médico cortado por um período por falta de pagamento da empresa. Diante de todo esse quadro, ela (Accell) se esconde atrás da recuperação judicial. As pessoas estão adoecendo dentro dessa fábrica”, afirma Caetano.
“O sindicato está ciente de tudo o que está acontecendo na empresa e temos vários problemas dentro da Accell. Estamos tendo dificuldades de conversar com o dono da empresa porque ele não atende o chamado do sindicato. Já temos, inclusive, várias ações, denúncias feitas no MP (Ministério Público) e no MPT (Ministério Público do Trabalho) contra essa empresa”, detalhou a diretora do Sindicato.
A empresa foi procurada para comentar as denúncias, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.
