sábado, 20 abril 2024

Depressão afasta um trabalhador a cada 9 horas

A RMC (Região Metropolitana de Campinas) tem um afastamento de trabalhador por causa de depressão a cada nove horas, na média. Foram 912 casos no ano passado, segundo dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Para especialista, a tendência é de crescimento deste tipo de condição, uma vez que o mercado tem exigido mais do nível de conhecimento do trabalhador.
Os dados se referem à concessão de auxílios-doenças, que representam casos em que a pessoa debilitada não conseguiu retornar ao serviço após 15 dias.
As cinco cidades com mais registros no ano passado foram Campinas, com 312, Sumaré (90), Hortolândia (88), Americana (77) e Santa Bárbara d’Oeste (67).
Professora do Departamento de Saúde Coletiva da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e presidente da Anamt (Associação Nacional de Medicina do Trabalho), Márcia Bandini aponta que a depressão é uma das principais causas de afastamento. “O que mais aparece (nas estatísticas relacionadas a condições mentais) são os transtornos de ansiedade, mas o que mais incapacita e que, portanto, vai aparecer nos dados que você está olhando, é o transtorno depressivo, ou os transtornos mistos, que têm predomínio dos elementos depressivos”.
Ela explicou que os transtornos mentais, geralmente, têm mais de uma causa, e que elas podem ser individuais, ambientais – problemas em casa, no trabalho ou de vulnerabilidade social, por exemplo -, e dimensionadas em um período de tempo.
“Tirando acidentes, o que mais acontece levando ao afastamento dos trabalhadores no Brasil são os distúrbios músculo-esqueléticos, e em segundo lugar vêm os transtornos mentais. A gente percebe que existe tendência mundial para que os transtornos mentais alcancem esse primeiro lugar. (…) O trabalho tem sido cada vez mais cognitivo, então os transtornos mentais tendem a aumentar em termos de número. A gente vê isso acontecendo na Europa. Nos países europeus, essa situação já se inverteu. Os afastamentos por transtornos mentais, estresse, principalmente ligado ao trabalho, já são maiores do que os dos distúrbios músculo- esqueléticos”, explicou a docente.
Ela afirmou que apesar dos distúrbios ósseo-musculares terem mais registros de afastamentos do que os transtornos mentais, há casos em que a dor provocado pelos problemas físicos despertam ansiedade ou depressão, mas que acaba sendo registrado oficialmente o afastamento pela condição física, por causa do preconceito em relação a transtornos mentais.
COMO PREVENIR?
Em relação a medidas possíveis para reduzir este índice, Márcia cita a necessidade de discutir a própria organização do trabalho. “Que a gente trabalhe com meta e processos que sejam saudáveis que sejam factíveis. Que as pessoas tenham instrumentos e recursos necessários para executar seus trabalhos”, orienta.
Em segundo, ela cita que deve haver canais de escuta para identificar precocemente agravos à saúde. E em terceiro, diz que é preciso cuidar das relações humanas. “Dentro das relações de trabalho, e também relações sociais, familiares e comunitárias, as pessoas querem a mesma coisa: serem tratadas com respeito e com justiça. Então, a gente tem que cultivar isso em todos os pontos mesmo”.
E finalizou lembrando que a pessoa também deve ter os cuidados em geral, como dormir bem, comer bem e movimentar o corpo.
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