Meninos pediram presentes caros e Papai Noel disse que não condizia com a realidade deles
O presidente da ONG Novos herdeiros, Marcelo Campos, classificou como “racista” a atitude do Papai Noel acusado de discriminação no shopping Plaza Sul, de São Paulo. A ONG está prestando assistência jurídica e psicológica à família. Para Campos, a atitude é “racista e classista”.
O Plaza Sul Shopping disse, por meio de nota, que o ator que estava vestido de Papai Noel era de uma terceirizada e que ele foi substituído. O shopping afirmou lamentar o episódio e que presta solidariedade à família.
“A atitude do ator contratado por empresa terceirizada está completamente equivocada e não condiz de forma nenhuma com as orientações passadas pelo shopping”, informou em nota.
Caso
Mãe de quatro filhos, a autônoma Tamires Silva de Oliveira, 29, levou as crianças para verem o Papai Noel no shopping Plaza Sul, na zona sul de São Paulo, na última sexta-feira (3), e voltou para casa com crise de ansiedade. Ela acusa o homem fantasiado de discriminação.
Ela conta que seu filho Cauã, 6, respondeu que queria um skate elétrico de presente de Natal. “Foi quando o Papai Noel disse de forma muito arrogante que aquele presente não condizia com a realidade dele”, disse Tamires.
Segundo ela, o Papai Noel ainda perguntou para a criança quanto o pai ganhava por mês. “Ele, na inocência, respondeu R$ 100.”
Em seguida, Luan, 12, o filho mais velho, disse que queria um celular. “Esquece”, rebateu o Papai Noel, segundo a mãe. “Na hora eu comecei a passar mal e só pensava em sair dali”, lembra Tamires. “Estou sem dormir há dias.”
As crianças ainda acreditam em Papai Noel e Tamires diz evitar desfazer a fantasia com medo de que os filhos digam algo na escola que estrague o Natal de outras crianças. “Eles acharam mesmo que o pedido seria realizado.”
No meio da conversa, a autônoma disse que o Papai Noel ainda lhe perguntou se as quatro crianças eram seus filhos e se ela não tinha televisão em casa.
Ela conta que a família costumava frequentar o shopping por ser perto de onde moram, no bairro da Saúde, onde seu marido trabalha como porteiro.
“Nos organizamos para dar um celular de presente para o mais velho e uma bicicleta para o de 10 anos, mas não vamos conseguir dar o skate para o menor”, diz a mãe.