Justiça barbarense viu aumento de 114% no volume de ações após débitos de condôminos durante a pandemia; em Americana, reclamações subiram 17% no período dramático para quem perdeu emprego
O número de ações na Justiça motivadas pela falta de pagamento de condomínios explodiu em Santa Bárbara d’Oeste durante a pandemia. Em Americana, os casos também cresceram no período. Dados do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) levantados, a pedido do TODODIA, apontam um aumento de 114,8% dessas ações na Comarca de Santa Bárbara d’Oeste e alta de 17,1% no Fórum de Americana.
Segundo o Tribunal de Justiça, foram 391 ações registradas ano passado em Santa Bárbara, contra 182 em 2020. Junho foi o mês com o maior volume de reclamações na Justiça: 74 casos. Em Americana, as ações saltaram de 314 para 368. Agosto foi o período recorde de ações: 69.
Para o presidente da APC (Associação Paulista de Condomínios), Marcos Vinicius Camargo, esse início de ano tem sido o momento mais crítico, já que nos dois últimos anos, muitos condôminos contaram com auxílios governamentais e economias feitas ao longo do tempo. “Os condomínios com populações de menor poder aquisitivo têm apresentado maior índice de falta de pagamento. Eram pessoas assalariadas que perderam seus empregos durante a pandemia e continuaram pagando com o que receberam de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), seguro desemprego. Agora, a fonte secou e eles ainda não conseguiram se recolocar no mercado”, detalha.
A variação de inadimplência até 2019, variava entre 3% a 5% na região. Hoje, esses números chegam a 20%, segundo cálculos da APC.
O síndico profissional Gerson Zarantin, de Americana, relata que o aumento de pessoas deixando de pagar condomínio já vinha crescendo mesmo antes da pandemia, em razão da forte crise econômica. Ele aconselha quem está passando por esse problema a procurar e dialogar com os síndicos logo no início das dívidas.
“Está devendo uma ou duas cotas de condomínio? Não espere mais. Procure a administradora ou o síndico de seu prédio e proponha um acordo em parcelas. Para o condomínio é melhor receber em parcelas do que um processo judicial, que normalmente é longo”, aconselha
DESPEJOS
No ano passado, também foi detectado na região uma explosão nos números de despejos, segundo dados do TJ-SP. Em Americana, o crescimento de ações teve uma elevação de 59,5% em comparação ao ano de 2020. No município de Santa Bárbara dOeste, esse crescimento chegou a 124%.
Com isso, os atrasos de condomínios acabam sendo o berço, muitas vezes, de ações que ao chegarem ao seu extremo, podem levar moradores a perderem seus imóveis.
“Por isso que o diálogo é sempre o melhor caminho. Os juros parcelados com o próprio condomínio são menores que os valores pagos após alguns meses de atraso virarem uma ação judicial”, avisa o presidente da APC.
