sexta-feira, 19 abril 2024

Morte Anunciada

Por Ailton Gonçalves Dias Filho, pastor presbiteriano

Vou morrer com 89 anos. Alguém pode questionar, como saber isto? Vou explicar nas linhas a seguir.

Algum tempo atrás fui levar a eucaristia para uma senhora muito querida da igreja. Era avançada em dias. Em meu bate-papo com ela falei que queria viver como ela e chegar aos 90 e poucos anos. Ela respondeu: “Reverendo, o senhor infelizmente não vai chegar aos 90 anos”. A filha que acompanhava a conversa interpelou: “Mamãe! Não fala assim com o Reverendo!”. Ao que ela respondeu: “Filhinha, ele tem uma vida muito agitada. Vai morrer antes”. Engoli seco e agradeci a ela pela sinceridade em suas palavras.

Saí da visita pensativo… Fui falar com o Criador. A vida que tenho é dEle. Ele é o autor, o sustentador e preservador da vida. Falei com Ele: “Senhor, então deixa eu viver até os 89 anos?”. Desde então, entramos em um acordo e sei que vou partir desta vida com 89 anos de idade. Este ano completarei 59 anos. Resta-me então 30 anos de vida. Por isso, tenho pedido a Deus, todos os dias, que Ele me ensine a viver os meus dias de tal maneira que encontre um coração sábio. Um coração sábio procura desenvolver o temor ao Senhor. Sei que já não tenho tanto tempo. A vida vai se esvaindo aos poucos. Por isso, também parei de construir muros. Quero pontes. As pontes são mecanismos de ligação. Muros separam, isolam. Pontes ligam e conectam lados e pessoas. No tempo que me resta quero ser um construtor de pontes. Erguendo templos às virtudes e masmorras aos vícios.

Sempre que me recordo daquela agradável visita, agradeço a Deus pelo dom da vida, a cada novo amanhecer. Sei também que o tempo de Deus é um tempo diferente do nosso. Deus é um ser atemporal. Para Ele mil anos são como um dia e um dia é como mil anos. Então, entendo que os 89 anos tem, para mim, uma margem de erro, para mais ou para menos. Posso partir a qualquer momento, ou com 89 anos ou mais. Não importa quando. O que realmente importa é saber que assim que fechar os olhos para esta realidade, eles se abrirão, de forma indelével, para uma outra realidade incomparavelmente melhor.

Carpe Diem!

É isso!

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