quinta-feira, 25 abril 2024

Protestos anti-Bolsonaro e cor laranja dão o tom das fantasias no Boi Tolo, no Rio

Laranja é o novo preto. Pelo menos para parte dos foliões do desfile do Cordão do Boi Tolo, que iniciou na manhã deste domingo (3) sua longa caminhada pelas ruas do Rio de Janeiro. As fantasias fazem referência a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL). Ele é investigado pelo Ministério Público após o Coaf identificar movimentações atípicas em sua conta -inclusive repasses oriundos de outros funcionários de Flávio na Alerj.

Orlando Correia, 57, todo vestido de laranja, decidiu fantasiar-se de Queiroz neste Carnaval. Carregando “micheques”, em referência ao dinheiro repassado pelo ex-assessor para Michelle Bolsonaro, Orlando diz acreditar que é a cara de Queiroz. “Me disseram que eu era os córneos do Queiroz, então vou aproveitar”, afirma. “Principalmente quando faço essa cara de babaca”, completa, sorrindo e encurtando o pescoço.

O artista plástico Marcelo Oliveira, 48, e a atriz Fernanda Maia, 40, reproduziram em papelão um caixa eletrônico da Alerj, onde a maior parte das transações de Queiroz foi realizada. “Carnaval é um ato político, sobretudo. Não tem maior ocupação política do que essa”, afirma Fernanda.

Marcelo diz que o Brasil passou de República das bananas para República das laranjas. “A gente percebeu que o suco de laranja está jorrando nesse Carnaval”, afirma, referindo-se às diversas fantasias sobre o tema. As fantasias de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro vão além de Queiroz. Um jovem carrega um cartaz com um “x” riscado sobre a imagem da ministra Damares Alves. Outro leva os dizeres “Me beija que não sou bolsominion”. Os brincos “ele não” multiplicam-se pelo bloco.

Os memes não ficaram de fora. São várias as “barbies fascistas”, crítica a jovens ricas supostamente alienadas. “O PT acabou com a minha vida”, diz o cartaz de uma delas. Outra leva na cabeça os dizeres “Privilégios? Eu mereci!”, em referência à garota que gravou um vídeo viral, no qual afirma que não tem culpa que seu pai é empresário.

No Boi Tolo, sobrou também para o governador Wilson Witzel (PSC), que elegeu-se surfando na onda bolsonarista. Um homem levava nas costas da camisa um “manual do bom folião”, falsamente atribuído a Witzel, com regras estapafúrdias e sarcásticas. “Que os homens vistam a cor azul e as mulheres a cor rosa, vedadas quaisquer outras”, diz uma das regras, em referência à fala de Damares.

“Que o folião circule com guarda-chuvas apenas nos dias determinados pela meteorologia oficial, sempre apontados para baixo e apenas em áreas de baixo risco”, afirma a outra, diante da decisão do governador de matar qualquer pessoa que esteja portando armamento pesado.

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