quinta-feira, 25 abril 2024

Retirada de aguapés gera polêmica

A quantidade de viagens de caminhão para retirada de aguapés na represa do Salto Grande, em Americana, gerou polêmica envolvendo moradores da região, a Prefeitura e a CPFL.

A prefeitura divulgou em 4 de março trabalho de retirada das equipes e noticiou que só no dia 3 de março foram feitas 600 viagens de caminhão retirando aguapés da represa.

No dia seguinte, a CPFL divulgou nota dizendo que a média diária de viagens é de 200 por dia. O número da prefeitura indignou moradores da região, que procuraram a reportagem.

Questionada novamente, a prefeitura manteve o número divulgado naquele dia e citou o mesmo número que a CPFL, de 8.313 viagens nos dois primeiros meses deste ano, quantidade que representa média inferior a 200 viagens por dia.

O Executivo frisou que a ação é da CPFL, responsável pela represa e sua limpeza, e que a Secretaria de Meio Ambiente fiscaliza o serviço.

“A prefeitura sustenta a informação passada de que naquele dia houve 600 viagens. É bom destacar que a distância percorrida nessas viagens é inferior a 100 metros, o que permite a grande quantidade de viagens por dia”, informou.

O release divulgado pela prefeitura apontava visita do secretário de Meio Ambiente, Fabio Renato de Oliveira, e apontava que segundo o engenheiro de meio ambiente da CPFL, Daniel Daibert, a empresa usava na ação cinco caminhões, dois barcos e cinco escavadeiras hidráulicas e uma equipe de 12 pessoas.

“Somente nesta quarta-feira (3), foram feitas aproximadamente 600 viagens de caminhão com os aguapés retirados; em 2021, foram 8.313 viagens, com um aumento significativo no mês de fevereiro”, informou.

No dia seguinte, a CPFL divulgou nota. “A empresa ressalta que com esse contingente tem realizado, em média, 201 viagens por dia de remoção das plantas aquáticas do reservatório. Somente em janeiro e fevereiro de 2021 foram 8.313 viagens”.

O TODODIA questionou a CPFL sobre o número de 600 viagens em 3 de março, e perguntou qual seria a quantidade de viagens ocorridas naquele dia. “Mantemos a nossa nota de domingo. Pode considerar a média diária para as viagens de quarta (dia 3)”, disse a empresa.

O empresário Marcelo Masoca, 38, porta-voz do grupo da região da represa, o G6, que engloba cerca de 70 moradores, conta que todos receberam com indignação a notícia de que foram feitas 600 viagens de caminhão retirando os aguapés apenas em um dia.

“Se você fizer um cálculo, são cinco caminhões, cada caminhão tinha que fazer tudo em quatro minutos. Como você dá ré, carrega, descarrega, descarta na caçamba e volta? Mesmo sendo perto, a gente acha que não dá, que talvez seja uma média de 200 viagens por dia. A matemática não deixa ninguém mentir”, declara o morador.

Masoca ressalta que acompanha há três anos as ações na represa. “Há três anos peço uma solicitação em nome do G6 para que haja um monitoramento on-line da operação. A CPFL fala que descarta ali mesmo onde fica a usina hidrelétrica, mas qual a evidência que temos? Não tem romaneio, balança, notas fiscais do descarte. Como sabemos que realmente foram descarregados 600 caminhões?”, questionou.

O grupo já fez este pedido aos órgãos responsáveis. “Moro fazendo fundo com a represa e sempre estou navegando. Já fui perto da usina muitas vezes e nunca vi essa retirada. Ela só acontece quando é conveniente, ou quando tem barulho do nosso grupo”, critica.

A reportagem questionou a prefeitura sobre como funciona a fiscalização do serviço de retirada e se cogita acompanhamento on-line, como pedem os moradores, mas o Executivo não se pronunciou sobre o tema.

A CPFL alega que solução definitiva da situação só será possível por meio da implementação de políticas públicas que promovam a correção das deficiências do saneamento na bacia do rio Atibaia visando tratamento dos efluentes sanitários (esgoto) lançados nos cursos d’água que abastecem o reservatório, tendo em vista que a ocorrência de macrófitas é apenas uma das consequências do alto índice de poluição das águas do rio Atibaia.

Segundo a CPFL, a destinação final das macrófitas “é na área do próprio terreno da CPFL, uma vez que há uma redução significativa do volume colhido (cerca de 85% a 90%) pois a macrófita é composta basicamente por água e matéria orgânica. A disposição ocorre em dois locais, tendo em vista a proximidade e disponibilidade de área próximo aos locais de remoção”, informou.

A empresa diz ainda que nos últimos 14 meses investiu um valor correspondente a R$ 2,3 milhões na operação.

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