quinta-feira, 25 abril 2024

Rodoanel foi superfaturado em R$ 600 milhões, aponta TCU

A Polícia Federal realizou ontem a Operação Pedra no Caminho, que apura crimes praticados por agentes públicos e empresários durante as obras do trecho norte do Rodoanel. Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), o superfaturamento na obra chega a mais de R$ 600 milhões.
Um dos alvos de mandado de prisão é Laurence Casagrande Lourenço, que durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB) foi presidente da Dersa, estatal responsável por obras rodoviárias paulistas, e secretário de Logística e Transportes. Atualmente, Lourenço preside a Cesp (Companhia Energética de São Paulo).
Ao todo, seriam cumpridos 15 mandados de prisão temporária e 56 de busca e apreensão em São Paulo, Ribeirão Preto, Bofete, Arujá, Carapicuíba e Marataízes (ES).
Até o fechamento da edição haviam sido detidas 14 pessoas. Além de Lourenço, outro seis ex-funcionários e atuais servidores da Dersa foram presos: Pedro da Silva, Benedito Aparecido Trida, Pedro Paulo Dantas do Amaral Campos, Helio Roberto Correa, Adriano Trassi e Carlos Prado Andrade.
O funcionário da estatal paulista Edison Mineiro Ferreira dos Santos ainda não foi detido pois está fora do país. Eles são suspeitos de corrupção, organização criminosa, fraude à licitação, crime contra a ordem econômica e de desvio de verbas pública.

VALORES
As obras do trecho norte começaram em 2013, durante a gestão de Alckmin, e ainda não foram concluídas. Investigações do TCU e CGU (Controladoria-Geral da União) e Ministério da Transparência apontam que os contratos com a Dersa, celebrados inicialmente com preços baixos, tiveram aditivos que elevaram o custo da obra.
Por meio da prática conhecida como “jogo de planilhas”, em que o licitante oferece preço acima do mercado para alguns itens e abaixo para outros, os investigadores apontam que no lote 1 da obra houve sobrepreço de 16% a 430% em serviços de escavação e explosivos, estrutura de túneis, carga e desmonte de argamassa, acrescendo indevidamente cerca de R$ 60 milhões.
Já no lote 2, esse aumento foi de 987% (mais de R$ 21 milhões) nos serviços de escavação e explosivos e no lote 3, aumentos de até 1.223%. Somados, os acréscimos nos lotes 1, 2, 3 e 5 chegam a mais de R$ 143 milhões.
Em 2016, reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que a Dersa firmou um aditivo com a OAS com base somente em um relatório feito pela própria empresa interessada.
Em nota, a Dersa afirma que a empresa e o governo de São Paulo “são os maiores interessados acerca do andamento do processo”. Também em nota, a gestão de Márcio França (PSB), sucessor de Alckmin no governo paulista, afirma que abriu uma sindicância na Corregedoria-Geral da Administração para apurar as informações reveladas. Afirma, também, que Laurence Casagrande renunciou à presidência da Cesp para poder se defender e que, em seu lugar, assume interinamente o diretor financeiro Almir Fernando Martins.
A campanha de pré-candidatura de Alckmin à Presidência informou que o ex-governador apoia as investigações. Mais cedo, a Cesp afirmou que não iria se pronunciar. A reportagem procurou a OAS e o governo de São Paulo, mas ainda não obteve resposta até o fechamento.

 

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