sexta-feira, 19 abril 2024

Um presépio, uma história linda

O tempo passa, mas a atração é cada vez melhor. O tradicional presépio da antiga vila operária de Carioba, montado pela primeira vez na primeira metade dos anos 50, deve atrair neste ano pelo menos cinco mil visitantes. E ele vai muito além da manjedoura.

Diversas passagens bíblicas são criadas no espaço adaptado do salão de festas da capela do bairro. A cada ano, a comunidade o aprimora. Hoje, o presépio tem nove metros de comprimento por 2,5 metros de largura, com três níveis diferentes, inclusive com quedas d’água. A engrenagem permite 75 movimentos, que dão vida às cenas.

São reproduzidas 29 passagens das Sagradas Escrituras. A “viagem” começa no no Velho Testamento: Adão e Eva, Moisés guiando o povo no deserto. Depois, no Novo Testamento, além do nascimento de Jesus, temos a Santa Ceia, o calvário, a ressurreição… “As pessoas circulam pelo espaço identificando as passagens bíblicas. É como uma aula de catecismo”, diz o educador Jader Neves Grillo, que há vinte anos está à frente da organização do evento.

Há peças originais. Mas a cada ano há um movimento novo, um cenário diferente, outra disposição dos acessórios. É uma nova atração a cada temporada. E os católicos fazem a manutenção e a montagem voluntariamente, anualmente.

OPERÁRIOS

O presépio foi montado pela primeira vez em 1953, pelos operários da antiga Fábrica de Tecidos Carioba. Tempos áureos da vila operária, com a comunidade engajada. Época que as famílias se conheciam, partilhavam momentos, tinham uma cultura própria, sentiam orgulho do lugar.

Nos anos 70, a fábrica fechou. Ao longo da década seguinte, as famílias se mudaram, as casas foram demolidas, e só restaram por lá alguns prédios históricos remanescentes, transformados em patrimônio público. O velho bairro, que tinha mais de 300 casas, não existe mais. Mas o presépio não acabou.

Durante uns anos, ele até foi montado no salão da igreja da Cordenounsi. Mas o chame era mesmo associar o presépio aos operários: ele estava de volta à capelinha da vila operária no finalzinho da década de 80, e não saiu mais de lá. Claro, o tempo não perdoa. Peças quebraram, os cupins atrapalharam. Mas os cariobenses da gema reformaram tudo, deixaram o presépio um brinco. Virou até atração para turistas que chegam de fora.

A cana ano, estrutura ganha inovações e atrai mais visitantes

A capelinha e o presépio, de certa forma, continuam sendo razão para o reencontro das famílias, dos velhos amigos. Ao mesmo tempo em que cultua os valores e a fé dos velhos moradores, o presépio é programa obrigatório para o público, que volta todos os anos. A entrada é franca.

AGENDA

O presépio fica montado até 6 de janeiro, Dia dos Santos Reis. A visitação pode ser feita de quarta a sexta-feira, das 19h às 22h; aos sábados, das 18h30 às 22h; aos domingos, das 14h às 22h. A Igreja de São João Batista, imóvel preservado da vila operária, fica às margens da Avenida João Nicolau Abdalla.

ROGÉRIO VERZIGNASSE | CLAUDETE CAMPOS

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