O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, confirmou no início da madrugada deste sábado (26), a mortes de 9 pessoas causadas pelo rompimento da barragem de Brumadinho, que aconteceu no início da tarde desta sexta-feira (25). Há 300 desaparecidos.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse que são mínimas as chances de resgatar pessoas com vida. “Vamos resgatar somente corpos”, afirmou o governador em entrevista na faculdade Asas de Brumadinho, espécie de ponto de apoio das autoridades para definir ações relacionadas à tragédia.
Segundo o governador, além do resgate dos corpos, a preocupação é acompanhar o estado da barragem. “O vazamento até agora parece estável, caso não chova. Mas se chover pode se mover mais um pouco.”
Zema diferenciou o caso de Brumadinho do de Mariana. Em 2015, o rompimento da barragem de Fundão matou 19 pessoas e espalhou rejeitos de minério por 650 km. O reservatório pertence à mineradora Samarco, de propriedade da Vale e da BHP Billiton.
“O vazamento tem uma característica diferente daquele que aconteceu em Mariana, que foram centenas de quilômetros. Este teve um maior número de vítimas, mas vai ficar territorialmente mais limitado”, afirmou o governador.
VÍTIMAS
Segundo informações da Vale, proprietária da barragem, o mar de lama avançou sobre área administrativa da empresa e casas na área rural da cidade.
Dados divulgados pela empresa informam que havia 427 pessoas no local, e 279 foram resgatadas vivas. Segundo o Corpo de Bombeiros, mais 182 pessoas, entre moradores e funcionários da Vale, foram resgatadas com vida na saída da mina. Nove pessoas foram resgatadas com vida da lama e outras 100 que estavam ilhadas também.
“A maioria dos atingidos são nossos próprios funcionários. Nós tínhamos, no momento do acidente, aproximadamente 300 funcionários, próprios e de terceiros, trabalhando naquele local. Nós não sabemos quantos foram acidentados porque houve um soterramento pelo produto vazado”, disse o presidente da Vale Fabio Schvartsman, em entrevista coletiva no início da noite, no Rio de Janeiro.
Comparado com Mariana, o acidente desta sexta-feira terá ‘um impacto mais humana do que ambiental’. “Dessa vez é uma tragédia humana. Estamos falando de uma quantidade provavelmente grande de vítimas. Não sabemos quantas, mas sabemos que será um número grande”, disse.
Schvartsman disse que em, 26 de setembro de 2018, a estabilidade da barragem na Mina Feijão foi atestada em auditoria da empresa alemã Tüv Süd e que uma leitura dos monitores feita no último dia 10 não mostrou irregularidades.
Por isso, segundo ele, ainda é cedo para entender o que aconteceu e que está dilacerado e surpreso com a tragédia. “Esta barragem estava inativa, não recebia mais material. Há mais de três anos ela não opera e estava em processo de descomissionamento [procedimento de eliminação de uma infraestrutura depois de atingir a sua vida útil]”, garantiu.
O presidente informou que o rejeito era composto de sílica e que a capacidade da barragem era de 12 milhões de metros cúbicos, mas ainda não há informação clara sobre o volume que vazou e nem mesmo se a estrutura operava em seu limite.
Segundo ele, o material vazado alcançou uma segunda barragem que transbordou, mas não se rompeu. Para comparação, na tragédia de Mariana, 39 milhões de metros cúbicos de rejeito se dispersaram pelo meio ambiente.