Brasil
A Conmebol anunciou nesta sexta (19) a volta das eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo do Qatar, em 2022. A partida entre Brasil e Colômbia será no dia 26 de março, em Barranquilla. Já o duelo contra a Argentina será em 30 de março, no Recife. No momento, a seleção brasileira está na primeira colocação, com 12 pontos e 100% de aproveitamento. Logo em seguida vêm os argentinos, com dez, Equador, com nove, e o Paraguai encerra a zona de classificação, com seis. Os dez jogos de qualificação das eliminatórias serão disputados entre quinta-feira, 25, e terça-feira, 30 de março de 2021.
Brasil tem dia com mais 1.308 mortes por Covid e total passa de 244,7 mil
O Brasil registrou, nesta sexta-feira (19), mais 1.308 mortes por Covid-19, elevando para 244.765 o número de pessoas não resistiram à doença desde o início da pandemia. Os números são do boletim diário do Ministério da Saúde. Em contrapartida, mais de 9 milhões de pessoas já se recuperaram da doença. Segundo o Ministério da Saúde, o total de pessoas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia ultrapassou a marca de 10 milhões, chegando a 10.081.676. Entre quinta-feira e ontem, foram confirmados 51.050 novos casos da doença Ainda há 842.583 pessoas com casos ativos em acompanhamento por profissionais de saúde. Na lista de estados com mais mortes, São Paulo ocupa a primeira posição (57.499), seguido por Rio de Janeiro (32.045), Minas Gerais (17.442), Rio Grande do Sul (11.666) e Paraná (11.061).
China ignora pedidos de Bolsonaro por troca de embaixador no Brasil
Convencido pelo chanceler Ernesto Araújo, o presidente Jair Bolsonaro pediu no ano passado ao regime chinês a troca de seu embaixador no Brasil, Yang Wanming.
A medida foi tomada em abril e reiterada em novembro, após bate-bocas via redes sociais entre o diplomata e o deputado Eduardo Bolsonaro. Pequim ignorou a solicitação brasileira nas duas ocasiões.
Ernesto tomou as dores do filho do presidente Bolsonaro e rompeu relações com Yang.
O estopim que motivou o pedido foi o embate no Twitter entre Eduardo e o diplomata chinês. Em março de 2020, o deputado publicou um texto comparando a pandemia da Covid-19 ao acidente nuclear de Tchernóbil (1986) e afirmando que o regime chinês tinha responsabilidade pela disseminação da doença.
“Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste,mas que salvaria inúmeras vidas”, escreveu o deputado na época.
Yang classificou a fala de Eduardo de “insulto maléfico”, e o perfil oficial da embaixada veiculou uma publicação que acusa o deputado de ter contraído um “vírus mental”.
O embate fez o governo brasileiro tomar decisão drástica, que gerou apreensão entre diplomatas no Itamaraty.
No fim de março, Ernesto enviou para Paulo Estivallet de Mesquita, o embaixador do Brasil em Pequim, um telegrama diplomático solicitando que ele entregasse um documento formal ao governo chinês pedindo a substituição de Yang – o que ocorreu no início de abril, segundo pessoas que participaram das discussões ouvidas pela reportagem sob condição de anonimato.
A solicitação foi ignorada. Procurado, o Itamaraty não se manifestou sobre o tema.
Em novembro, no auge dos ataques à Huawei, gigante chinesa de telecomunicações, Eduardo acusou a China de promover a espionagem industrial via equipamentos 5G.
Yang reagiu, e o Itamaraty solicitou novamente a troca.
Os pedidos formais de substituição de Yang foram secretos, mas uma carta enviada por Ernesto à embaixada da China em Brasília deu o tom da insatisfação do governo Bolsonaro com o diplomata chinês.
“Não é apropriado aos agentes diplomáticos da República Popular da China no Brasil tratarem dos assuntos da relação Brasil-China através das redes sociais. Os canais diplomáticos estão abertos e devem ser utilizados”, afirmou o Itamaraty na carta, encaminhada em novembro.
Oficialmente, não houve respostas sobre os pedidos de troca de Yang. No entanto, Pequim fez chegar a autoridades brasileiras a informação de que seu embaixador no Brasil é um quadro conceituado do serviço público chinês.
Um membro do governo Bolsonaro argumenta que as declarações de Yang foram avalizadas pelas autoridades em Pequim, que têm instruído seus diplomatas no exterior a responder à altura diante de manifestações consideradas ofensivas ao regime.
As relações de Ernesto com Yang estão cortadas. As portas da divisão do Itamaraty responsável por Ásia e Pacífico também estão fechadas para ele, de acordo com pessoas próximas ao embaixador.
Interlocutores ouvidos pela reportagem destacaram que a solicitação de substituição do embaixador chinês feita pelo governo brasileiro foge totalmente da praxe diplomática.
Os governos têm a prerrogativa de expulsar do país diplomatas estrangeiros, mas esse gesto é considerado extremado e com o potencial de prejudicar as relações bilaterais.
Caso Bolsonaro tivesse optado por essa medida, a resposta inevitável seria a expulsão do embaixador brasileiro de Pequim, escalando a crise diplomática com o maior parceiro comercial do Brasil.
Ainda segundo esses interlocutores, Ernesto optou por uma medida mais “leve” e com efeito de “marketing”, especialmente levando em conta interesses da família Bolsonaro.
Um diplomata com experiência na relação Brasil-China afirma que o governo Bolsonaro deveria saber que Pequim não atenderia ao pleito. Se cedesse ao Brasil, a China poderia ver requisições semelhantes chegarem de outros países onde embaixadores chineses protagonizaram polêmicas.
Na Suécia, por exemplo, o embaixador chinês fez declarações que provocaram mal-estar nas autoridades locais.
O constrangimento de Ernesto –ignorado por Pequim– ficou mais evidente quando o presidente Bolsonaro foi obrigado a procurar a China sobre a liberação de insumos para a fabricação da vacina contra o coronavírus.
O Palácio do Planalto tentou, até o último momento, garantir a importação de imunizantes prontos da Oxford/AstraZeneca fabricados em um laboratório na Índia.
Entretanto, diante do fracasso das negociações com a Índia , acabou sofrendo um revés político para o governador João Doria (PSDB-SP), que negociou diretamente com um laboratório da China a compra da Coronavac.
Coube a Doria a primeira foto da vacinação no país.
Para piorar a situação do governo federal, que já vinha sendo criticado pela demora no início da vacinação, tanto o Instituto Butantan quanto a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) estavam com remessas atrasadas de insumos para a fabricação dos imunizantes.
Os insumos –tanto da vacina da Oxford/AstraZeneca quanto a da Coronavac– são produzidos pela China.
Bolsonaro passou a apelar para a China e chegou a pedir uma conversa telefônica com o líder do país, Xi Jinping.
Diante das dificuldades, Bolsonaro pediu em uma live que Ernesto recompusesse as relações com o gigante asiático. O chanceler respondeu que o embaixador do Brasil em Pequim estava dialogando com o governo chinês diretamente.
Mas nos bastidores, o chanceler manteve a política de “portas fechadas” para Yang.
Além do mais, Ernesto não abriu mão da retórica anti-China que marcou sua administração e, recentemente, ordenou a subordinados que reunissem declarações críticas feitas por autoridades estrangeiras contra o regime chinês.
Em uma das solicitações, à qual a reportagem teve acesso, Ernesto pede que membros do corpo diplomático lhe enviem manifestações das autoridades da Austrália e do Japão contrárias a Pequim.
Para contornar a falta de diálogo do Itamaraty com a embaixada chinesa, o presidente acatou sugestões de ministros que formaram uma espécie de “tríplice aliança” para tentar salvar a relação do Brasil com seu principal parceiro comercial.
Fazem parte dos esforços os ministros Eduardo Pazuello (Saúde), Tereza Cristina (Agricultura) e Fábio Faria (Comunicações).
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, que preside a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), não foi convidado. Ele vive o pior momento da sua relação com Bolsonaro, que parou de delegar ao vice tarefas no governo.
Se tudo correr como previsto e houver os investimentos necessários, o Brasil terá uma vacina nacional contra o novo coronavírus (covid-19) em 2022. O primeiro imunizante nacional contra a covid-19 está sendo desenvolvido pelo Centro de Tecnologia em Vacinas (CT-Vacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto com outros estudos relevantes na mesma área de vacinas.
A parceria firmada no dia 4 de fevereiro entre a UFMG, o governo de Minas Gerais e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) pode acelerar a produção de vacinas no estado, disse, em entrevista à Agência Brasil, a professora Ana Paula Fernandes, uma das coordenadoras do CT-Vacinas.
Outros parceiros poderão participar do projeto, entre os quais a Fundação Ezequiel Dias (Funed), que tem uma fábrica para produção de vacinas. A professora disse que a parceria está sendo avaliada.
Testes
No ano passado, foram realizados testes em modelos animais (camundongos), quando a equipe do CT-Vacinas identificou os antígenos e a melhor composição nesse sentido. “Fizemos testes em animais, inclusive em animais transgênicos [geneticamente modificados], necessários para esse tipo de análise”, informou Ana Paula.
A equipe está se preparando para lançar estudos clínicos, seguindo os parâmetros da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para depois começar os testes em humanos.
Para definir qual vai ser a composição da vacina, serão feitos testes de toxigenicidade em outros dois modelos, que poderão ser ratos e coelhos, de modo a cumprir exigência da Anvisa. “Será preparado um lote piloto para testagem em animais, e que servirá também para humanos, e usa essa formulação para o teste clínico de segurança, inicialmente, imunogenicidade, e, depois, o teste de proteção”, disse a professora da UFMG.
A perspectiva é que, havendo investimentos, os testes em humanos poderão ser realizados ainda este ano, disse a professora.
Independência
Na fase inicial do projeto e nas alternativas buscadas pelo CT-Vacinas, foram gastos R$ 5 milhões. Ana Paula Fernandes disse que para as fases 1 e 2 – testes em animais -, o valor dos investimentos oscila entre R$ 15 milhões e R$ 30 milhões. A etapa clínica, que envolve os testes em humanos, é bem mais cara, alcançando recursos em torno de R$ 100 milhões.
Ana Paula destacou que esse investimento, embora seja elevado, “é menor do que aquele que está sendo feito para a transferência das tecnologias de fora”.
“Esse processo vai ser, realmente, um marco histórico, que vai poder ser replicado para outros processos, para que o Brasil tenha independência nessa área estratégica”, disse a coordenadora do CT-Vacinas.
De acordo com Ana Paula, todos os países do grupo do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), à exceção do Brasil, “conseguem abocanhar, digamos assim, uma fração considerável do mercado de insumos em vacinas mundialmente”, o que repercute de maneira positiva em suas balanças comerciais.
“O Brasil tem competência para fazer isso. Precisa é colocar os elos da cadeia conectados”, disse a professora. Na avaliação de Ana Paula, o projeto da UFMG tem esse vínculo.
Ela disse que, ao contrário do Instituto Butantan ou da Biomanguinhos, que estão trazendo tecnologia de fora e produzindo no Brasil, o CT-Vacinas está construindo um processo do início ao fim. “Estamos chamando de vacina de raiz”.
A coordenadora disse que a construção desse processo, o domínio dessas plataformas de tecnologia, são estratégicos, “e o Brasil não tem isso”. Ela lembra que todas as vacinas usadas em humanos no Brasil são de tecnologias importadas.
Ana Paulo disse que a equipe do CT-Vacinas já dominou as diferentes plataformas para produção de vacinas em vetores virais, mas que isso não significa, entretanto, que em uma única vacina serão usados todos esses vetores ou uma combinação deles. No momento, segundo a professora, mesmo a partir da produção da primeira vacina nacional, o indicativo é que serão necessárias duas doses para imunização da população. “Mas ela é uma vacina muito mais fácil de ser produzida, porque o sistema de produção dela não tem a complexidade, por exemplo, de uma Coronavac”, tratando-se de uma alternativa mais simples e mais viável.
Continuidade
Ana Paula acredita que ao longo dos próximos meses serão concluídos os estudos clínicos da fase 1 e 2, de imunogenicidade e segurança em humanos, prevendo para o segundo semestre o início da fase 3, em humanos. A nova vacina deverá estar disponível no próximo ano.
A professora da UFMG disse que uma vacina desse tipo vai continuar sendo necessária no Brasil porque, “hoje, a cada dia que passa, a gente tem mais certeza de que vamos entrar possivelmente em uma sistemática de doses anuais para coronavírus, assim como é para Influenza”.
Segundo Ana Paula, o vírus vai continuar circulando e variantes vão surgir, o que demandará plataformas que contornem o problema do surgimento dessas variáveis do coronavírus.
A reitora da UFMG, Sandra Almeida, não tem dúvidas que a parceria com o MCTI e o governo mineiro “será fundamental não apenas para a continuidade do desenvolvimento do imunizante contra o coronavírus, mas também para as pesquisas com vacinas a longo prazo”.
“Necessitamos, mais do que nunca, de articulação entre as universidades e os órgãos públicos estaduais e federais para garantir investimento contínuo”.
Já o ministro Marcos Pontes disse que a vacina da UFMG, desenvolvida com tecnologia nacional, “é importantíssima para o estado [de Minas Gerais] e para o país e tem grande relevância para a ciência brasileira”.