sábado, 23 novembro 2024

Petrobras muda política e poderá segurar preço da gasolina

A Petrobras anunciou ontem mudança na política de preços da gasolina. O anúncio ocorre após uma sequência de aumentos iniciada no dia 18 de agosto, que elevou o preço cobrado por suas refinarias em 12%.
A estatal diz que não há mudança na política instituída em 2016 -e revista pela primeira vez em 2017- e continuará acompanhando as cotações internacionais e as variações do dólar.
Mas, a partir de agora, a área comercial pode propor períodos sem repasses de até 15 dias quando entender que o mercado está sendo pressionado por razões externas, como desastres naturais ou choques cambiais – razão do ciclo de alta atual, iniciado no dia 18 de agosto.
O objetivo, disse a empresa, é suavizar o repasse das volatilidades aos seus clientes. Desde julho de 2017, a área comercial é autorizada a promover reajustes diários nos preços da gasolina – no caso do diesel, a greve dos caminhoneiros levou a um tabelamento no fim de maio.
“O resultado final não vai ser alterado. Se subir 13% neste período [em que os repasses estiverem represados], no final vai ter 13% de aumento”, afirmou o diretor de refino e gás da estatal, Jorge Celestino.
Ele defendeu que a mudança é uma evolução da política atual. “O mercado brasileiro vem se sofisticando no que diz respeito à precificação”, disse. “Aprendemos com os sinais que outros agentes têm dado à gente para implementar mecanismos e ferramentas para suavizar a volatilidade.”
Em junho, após a greve dos caminhoneiros, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) abriu consulta pública para estudar prazos mínimos para reajustes.
O processo foi criticado pelas empresas do setor, que alegaram risco de intervenção e foi concluído sem uma proposta para limitar os reajustes.
Celestino diz que o mecanismo anunciado não prevê um prazo mínimo. Os reajustes diários continuam autorizados, mas podem ser suspensos em períodos de volatilidade excessiva.
A decisão final será tomada pelo grupo executivo de acompanhamento de preços, que inclui Celestino, o presidente da companhia, Ivan Monteiro, e o diretor financeiro, Rafael Grisolia.
A empresa usará mecanismos financeiros de proteção, conhecidos como hedge, para manter as margens de lucro, disse Grisola. Ao decidir segurar os repasses, comprará contratos futuros de gasolina ou de câmbio, que serão vendidos após os reajustes.
Grisolia disse que a Petrobras já tem estrutura para operar mercados futuros, tanto de combustíveis, quanto de câmbio. “O resultado financeiro para a Petrobras será equivalente ao da política atual”, afirmou.
Em janeiro, também após um ciclo de alta, a Petrobras já havia revisto a política de preços do gás de botijão, que passou a ter reajustes trimestrais, ao invés de mensais, também teve com o objetivo de evitar o repasse ao consumidor de volatilidades internacionais.

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