A Fórmula 1 não costuma dar segundas chances, mas o piloto Daniil Kvyat foge à regra. O russo de 24 anos terá a quinta oportunidade dentro da categoria. Ele vai retornar ano que vem para a Toro Rosso.
É uma trajetória rara na F-1. Membro do programa de jovens pilotos da Red Bull, ele chegou à categoria em 2014, depois de ter batido Carlos Sainz na GP-3, no que acabou se tornando um embate por uma vaga na Toro Rosso. Campeão, Kvyat foi o promovido.
Em um programa que acabou ficando conhecido nos últimos anos como um “moedor” de talentos, uma vez que a equipe principal da Red Bull manteve a dupla Sebastian Vettel e Mark Webber por cinco anos, Kvyat deu sorte e subiu quando o próprio Vettel anunciou sua ida para a Ferrari, em 2015.
Na época, o russo era considerado imaturo para ocupar uma vaga no time tetracampeão. Mesmo assim, acabou ficando à frente do companheiro Daniel Ricciardo na classificação final, e conquistou um pódio mesmo em um ano em que a equipe sofreu com a falta de competitividade do motor Renault.
Enquanto isso, outros dois pilotos tinham subido para a Toro Rosso: seu antigo rival Sainz e a grande estrela Max Verstappen. Isso colocou pressão em cima de Kvyat, que começou 2016 se colocando em polêmicas, especialmente após toques com Vettel. Foi nesta época que o russo ganhou o apelido de “torpedo”.
Com a pressão interna forte dos Verstappen, Kvyat perdeu a vaga na Red Bull para o holandês na quinta prova. E foi “rebaixado” para a Toro Rosso, sua terceira chance de mostrar serviço -depois da estreia e da passagem pela equipe principal.
Em Faenza, ele dividiu o time com Sainz e levou uma lavada: 4 pontos contra 46 do companheiro. Como a Red Bull não tinha muitas opções para substituí-lo, o piloto foi mantido para 2017.
A falta de resultados, contudo, continuou, e Kvyat foi substituído por Pierre Gasly após 14 etapas -e apenas quatro pontos conquistados.
O russo, que ainda era piloto Red Bull, fez ainda uma breve aparição no GP dos Estados Unidos, mas somente porque Gasly estava lutando pelo título da Super Fórmula no Japão. Logo depois, foi oficialmente desligado do programa da equipe.
Sua carreira parecia acabada quando a Ferrari lhe deu a quarta chance, oferecendo a função de piloto de testes, algo que não garantiria nenhuma vaga no grid no futuro, mas o manteria ligado à categoria, trabalhando no simulador de uma equipe grande -ou seja, somando informações importantes.
Seu nome, contudo, só começou a ser citado no mercado de pilotos recentemente, com uma possível volta à Toro Rosso. Algo inimaginável há 12 meses, mas que acabou se concretizando.
O anúncio deve depender da definição do segundo piloto, uma vez que a Toro Rosso vai perder Gasly para a Red Bull e procura um substituto para Brendon Hartley, que deixou a desejar até aqui.