JULIANNE CERASOLI | FOLHAPRESS
A Williams é a única equipe com as duas vagas de piloto ainda abertas para a próxima temporada da Fórmula 1. A Force India ainda não anunciou oficialmente a sua dupla, mas seguirá com Sergio Perez ao lado de Lance Stroll, que deixará o time inglês agora que seu pai comprou a equipe rival. E a chefe Claire Williams disse, à reportagem, que surpresas vêm por aí.
Perguntada sobre o porquê da demora para anunciar os pilotos, a exemplo do que já aconteceu ano passado, a chefe da equipe de Grove brincou: “É que as mulheres não conseguem se decidir.”
Mas o fato é que a Williams trabalha com possibilidades bastante distintas. O time sofre a pressão de Toto Wolff, chefe da Mercedes -que, por sua vez, é fornecedora de motores para a Williams-, para contar com um de seus protegidos, George Russell, que está muito perto de vencer o campeonato da Fórmula 2. “Não faço ideia do que vai acontecer no momento, mas acho que, nos próximos meses, podemos ter uma ideia mais clara”, disse Russel à reportagem.
O problema para o inglês é que a concorrência está alta. A Williams vem tentando convencer Robert Kubica a assumir um de seus cockpits para o ano que vem, mas tem encontrado certa resistência do polonês, que é crítico à maneira como o time não conseguiu encontrar soluções para melhorar o carro durante esta temporada, na qual amarga a lanterna.
A solução, nesse caso, pode vir da Rússia. Atualmente, os representantes do atual piloto Sergey Sirotkin estão em uma queda de braço financeira com outro grupo do mesmo país, que representa Artem Markelov, também da F-2. Do lado de Sirotkin estaria havendo problemas em transferir a verba da Rússia.
Com a possibilidade real de ter dois novatos ou mesmo de retomar a carreira de Kubica, que não disputa uma corrida da F-1 desde que sofreu acidente de rali no início de 2011, Claire Williams falou em surpreender em sua escolha.
“Será uma decisão importante para nós. Ano que vem será um ano novo para a Williams. Acho que as pessoas podem ficar surpresas com o nível de mudança que virão em 2019. Estou muito empolgada em relação a isso. E tomar a decisão certa a respeito dos pilotos é uma grande parcela desse processo. Não quero ter pressa. Temos muitas opções e quero tomar a decisão certa para essa equipe.”
Mas a dirigente sabe que uma dupla de pilotos não vai resolver os problemas do time, que enfrenta sua mais grave crise da história dentro das pistas. Na avaliação da chefe, o problema foi o fato da grande vantagem do motor Mercedes entre 2014 e 2016 ter mascarado as deficiências do carro.
“Tivemos dois ou três anos de muito sucesso, mas acho que isso nos cegou um pouco em relação às áreas em que não estávamos tão bem. E agora estamos resolvendo essas coisas. Estamos revendo todas as áreas para nos certificar de que tudo estará funcionando corretamente a partir de 2019. Estamos fazendo isso juntos e sinto que o espírito lutador desse time nunca esteve tão forte. Não será um processo rápido, mas chegaremos lá. Estamos reconstruindo essa equipe como se ela não existisse. Literalmente, do zero.”
Em 16 provas, a Williams marcou apenas sete pontos, vinte a menos que sua rival mais próxima, a Sauber.