Na reta final da composição de seu governo, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou três novos auxiliares ontem e criou um ministério “turbinado” para a área social, batizado de Cidadania, entregue a Osmar Terra. Esta foi a primeira escolha de um nome do MDB para o primeiro escalão do governo Bolsonaro.
Já foram confirmados até o momento 19 ministros e Bolsonaro admitiu a possibilidade de ter até 22 pastas. Isso representa um número quase 50% maior do que o anunciado durante a campanha, de 15.
Terra, que já foi ministro de Desenvolvimento Social no governo de Michel Temer, assumirá uma estrutura à qual foi somada a gestão de Esporte e Cultura. Ficará sob seu comando a gestão de programas sociais de relevância, como o Bolsa Família.
“O Bolsa Família vai ser um programa que vai estimular muito a questão da geração de emprego e renda, por orientação do presidente também, principalmente para os jovens do Bolsa Família. Vai se integrar melhor com a área de esportes”, disse, logo depois de ter sido anunciado.
Ao fim de um dia de reuniões no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde funciona o gabinete de transição, Bolsonaro anunciou ainda a escolha do deputado Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) para o Turismo. Ele é o segundo nome do PSL, partido do presidente eleito, cujos parlamentares já haviam se queixado de falta de prestígio.
Mesmo com as indicações, o DEM, sigla do futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, é o que tem maior número de representantes, com três nomeações.
Foram três anúncios quase que simultâneos ontem, quando foi confirmado também o nome de Gustavo Canuto, atual secretário-executivo da Integração, para o recém-criado Ministério do Desenvolvimento Regional. Ele foi chefe de gabinete do ex-ministro Helder Barbalho (MDB), filho do senado Jader Barbalho e governador eleito do Pará.
Os nomes dos três futuros auxiliares foram anunciados em meio a uma intensa circulação de parlamentares no CCBB, em número superior ao visto ao longo do primeiro mês do governo de transição.
Os escolhidos negaram que tenham sido escolhas partidárias, e sustentaram que foram indicações de bancadas ou técnicas, caso de Canuto.
PRÓXIMOS PASSOS
Apesar da grande quantidade de nomes apresentados no mesmo dia, Bolsonaro deixou para semana que vem a definição do futuro ministro do Meio Ambiente, que havia prometido para esta quarta. Na reta final, o nome do ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Ricardo Salles (Novo), era o mais forte, mas acabou ficando em suspenso.
Segundo Bolsonaro, o tema ficará para a próxima semana, quando ele deve concluir a formação de seu governo. Ainda estão pendentes de anúncios os ministérios de Minas e Energia, Trabalho e Meio Ambiente. As pastas de Direitos Humanos e Mulheres ainda não foram definidas se terão status de ministério.
“Isso vai ser decidido [Ministério das Mulheres], houve um apelo por parte da bancada feminina. Grande parte presente aqui. Elas querem, vocês querem, o 22º ministério, das mulheres? A gente aumenta mais um ou não?”, perguntou o eleito a repórteres mulheres.
Ao comentar os anúncios feitos nesta quarta, Bolsonaro foi questionado sobre uma reportagem publicada pela Folha em agosto que citava o nome de Canuto. Na ocasião, o economista Mário Ramos Ribeiro pediu demissão do cargo de secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional levantando suspeitas em licitações na pasta.
‘Só toco berimbau’, diz ministro que chefiará Cultura sobre experiência na área
Momentos depois de ser anunciado como titular da nova pasta da Cidadania, que abrigará os atuais Desenvolvimento Social, Esporte e Cultura, Osmar Terra (MDB) disse à Folha de S.Paulo não conhecer nada sobre os dois últimos temas. “Só toco berimbau”, afirmou, dando gargalhadas em seguida.
Em passagem pela Câmara, Terra, ex-ministro do Desenvolvimento Social do governo de Michel Temer, negou que tenha havido participação do seu partido na indicação. Apesar do desconhecimento sobre grande parte das novas funções, defendeu auditoria na Lei Rouanet, hoje o principal instrumento federal de incentivo às artes.”Olha, eu nem conheço”, respondeu ao questionamento da reportagem sobre quais seriam os principais problemas do Esporte e da Cultura, em sua opinião.