A discussão da reforma da previdência municipal ontem, na Câmara Municipal de São Paulo, teve bate-boca áspero e empurra-empurra entre vereadores e críticas à estratégia da base de Bruno Covas (PSDB) de tentar votar o projeto às vésperas do Natal.
A administração municipal quer aprovar projeto até o fim do ano. Por volta das 14h, foi iniciada audiência pública da comissão de administração pública da Câmara, última etapa pela qual o projeto de reforma da previdência precisa passar antes que possa ser votado pelos vereadores.
A galeria da Câmara, espaço destinado ao público, estava dividida entre servidores contrários à reforma, militantes do partido Novo e do PSDB, favoráveis à reforma.
Após gritos de “reforma é confisco” e “quem votar não volta”, entre outros, a audiência foi interrompida devido à dificuldade de se ouvir o que era falado pelos participantes da audiência -entre eles, representantes da prefeitura, como o secretário da Fazenda, Philippe Duchateau.
O vereador Eduardo Suplicy (PT), então, pediu para que fosse feito silêncio, o que permitiu que as discussões fossem retomadas. Nos intervalos, no entanto, o clima ficou acalorado.
“A despesa da Previdência só não é menor do que educação e saúde. Já está quase duas vezes do que a gente gasta com transporte público”, argumentou Duchateau.
Militantes do Novo e do PT trocaram acusações: “a culpa é de vocês” e “eu vim de graça”, de um lado, e “fora, Itaú”, “fora, capital financeiro” do outro.
A discussão foi interrompida por tumulto após o presidente da Câmara, Milton Leite, mandar guardas retirarem servidores de dentro do plenário. Os servidores resistiram, com ajuda de vereadores petistas. Os manifestantes foram carregados pelos agentes.
A estratégia de votar o projeto na véspera de Natal foi criticada até por vereadores da base, entre eles Gilberto Natalini (PV).