sábado, 23 novembro 2024

Novo currículo do ensino médio em São Paulo terá 12 opções de cursos

O novo currículo do ensino médio em São Paulo terá 12 opções de cursos, que permitem aos jovens escolher as matérias com as quais mais se identificam. A implementação na rede pública e privada começa no próximo ano, e o governo considera que poderá ajudar a conter uma evasão escolar catastrófica pós-pandemia.

São Paulo é o primeiro estado a elaborar a mudança curricular determinada pela lei do novo ensino médio, de 2017. O documento com as regras paulistas foi aprovado na quarta-feira (29) em reunião do Conselho Estadual de Educação, que, após a votação, teve uma solenidade virtual com a presença do secretário de Educação, Rossieli Soares. A homologação será assinada por ele nesta semana.

Pela lei de 2017, o novo currículo deve oferecer ao menos cinco itinerários formativos: linguagens; matemática; ciências da natureza; ciências humanas e sociais aplicadas; formação técnica e profissional. Isso quer dizer que, além das matérias tradicionais, o jovem define um itinerário e pode escolher disciplinas eletivas voltadas ao seu interesse. Quem opta por linguagem, por exemplo, poderá ter aula de roteiro, artes cênicas etc. Para matemática, pode haver robótica, games etc.

Em São Paulo, além dessas cinco alternativas criaram-se outras sete. Seis delas são itinerários integrados, como ciências da natureza + matemática ou ciências humanas e sociais + linguagens. Uma 12º é uma releitura do antigo magistério, a fim de estimular os jovens ao interesse pela carreira de educação, almejada por apenas 2,4% deles. O curso formará assistente de professor.

Cada escola deverá oferecer ao menos duas opções. Os colégios, públicos e privados, podem criar novos itinerários, que precisam ser submetidos às diretorias de ensino. Há flexibilidade também quanto ao formato das disciplinas eletivas: semestrais, anuais ou em módulos mais concisos, entre outros modelos.

Também se estimula que sejam oferecidas a alunos de diferentes estágios, ou seja, pode-se misturar o 1º, 2º e 3º ano. O documento elaborado pelo conselho de educação prevê ainda que o estudante tenha o direito de trocar de itinerário.

A filosofia por trás do novo currículo está na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que joga luz na necessidade de se dar protagonismo ao estudante, desenvolvendo nele senso crítico e empatia, entre outras chamadas habilidades socioemocionais. O objetivo é tornar a escola mais conectada com a vida real e mais atraente.

O fechamento prolongado das escolas e o agravamento da crise econômica do país prenunciam uma explosão na evasão escolar para os próximos anos. Estudos apontam que em 2021 ela poderá chegar a perto de 35% dos estudantes no Brasil. No ensino médio, em 2017, a taxa de desistência somada à de reprovação girava em torno de 24% no primeiro ano do ensino médio, 15% no segundo e 9,5% no terceiro.

Se a pandemia pede uma mudança rápida para o novo currículo, também complica o processo de sua elaboração e implementação. Em alguns estados, deverá atrasar. Em São Paulo, o documento do conselho de educação autoriza que, excepcionalmente, em razão da pandemia, haja postergação para 2022.

À Folha de S.Paulo, o secretário Rossieli Soares, que participou da elaboração da lei do novo ensino médio quando foi ministro da Educação, afirmou que a formação de professores e gestores escolares começa neste mês e a alteração do currículo acontecerá em 2020, a partir do 1º ano, “no maior número possível de escolas”. São ao todo 3.737 na rede estadual.

“Essa é uma mudança que já estávamos iniciando, com as aulas de projeto de vida e eletivas sendo oferecidas. Há professores apresentando propostas incríveis de cursos, como um inspirado na série ‘C.S.I’. Precisamos dar atenção aos anseios e sonhos dos jovens e deixar que estudem mais assuntos de que gostam e nos quais têm habilidades, respeitando suas escolhas e aprofundando suas competências. É uma inversão da lógica do sistema educacional.”

Soares disse que a regra para matrículas continua sendo à da proximidade com a residência do aluno, o que é exigido pela legislação. Mas, a fim de possibilitar que o estudante busque itinerários de seu interesse, pretende-se liberar que faça as matérias básicas na escola perto de sua casa e, em outra unidade, curse as eletivas.

O secretário disse que será reforçado o investimento em cursos técnicos, desejados, de acordo com ele, por 70% dos que cursam o médio no período noturno. Para os que já estarão no 2º e no 3º ano e, portanto, seguirão com o currículo antigo, também serão oferecidas as eletivas.

Ele disse que os itinerários vão ser ofertados ao 4º ano, que será lançado em razão da pandemia, para que alunos hoje no 3º possam recuperar o conteúdo perdido. O 4º será opcional, e Rossieli afirmou que, apesar da motivação ter sido a pandemia, ele pretende perpetuá-lo no currículo.

Além de São Paulo, outros estados devem conseguir aprovar o novo currículo até o final do ano, entre eles Pernambuco, Minas Gerais, Paraíba e Mato Grosso do Sul.

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