A Câmara de Campinas votou e aprovou ontem, por unanimidade dos vereadores presentes, a abertura de uma CP (Comissão Processante) contra o prefeito Jonas Donizette (PSB) para apurar denúncias de corrupção da gestão na área da Saúde. O pedido de CP, que pode culminar na cassação do mandato do prefeito, foi protocolado pelo vereador Marcelo Silva (PSD) na última quinta-feira, quando sete pessoas foram presas na terceira fase de operação do Gaeco (Grupo de Ação Especial contra o Crime Organizado) do MP (Ministério Público) que investiga um suposto esquema de desvio de pelo menos R$ 7 milhões no Hospital Ouro Verde.
A denúncia do vereador Marcelo Silva aponta que, desde novembro de 2017, a cidade acompanha as revelações da promotoria sobre presumidos atos de corrupção da área da Saúde, notadamente no contrato da prefeitura com a OS (Organização Social) Vitale, para a administração do Hospital Ouro Verde.
Ainda segundo a denúncia, no “oitavo andar da prefeitura trabalhava funcionário nomeado pelo denunciado (prefeito) para a função de coordenar os repasses suspeitos, restando ainda mais cabal a ciência do prefeito quanto à existência do esquema de corrupção”, se referindo ao secretário de Negócios Jurídicos, Silvio Bernardin, considerado um dos intermediários do esquema e que foi preso na última quinta-feira, horas após ter sido exonerado do cargo.
Pedro Tourinho (PT) disse que a cidade não merecia mais uma vez reviver o drama de ter um governo que ele considera incompetente e corrupto. “A CP coloca o funcionamento da cidade sob risco. É uma situação dramática e lamentável a votação da CP hoje, mas ela é absolutamente necessária. Nós do PT vamos apoiar a CP porque essa prefeitura parece estar eivada de corrupção”, discursou.
O líder do governo, Marcos Bernardelli (PSDB), disse que discutiu com a base de apoio de Jonas o dia todo sobre o pedido de Comissão Processante. “Decidimos acompanhar o pedido (de investigação) porque vai dar oportunidade para o prefeito vir aqui e explicar tudo sobre o Hospital Ouro Verde”, disse.
Havia 32 vereadores presentes à sessão ontem e o pedido de abertura de CP teve 32 votos favoráveis. O vereador Carmo Luiz (PSC) estava ausente e o autor do pedido não pode votar. Ele foi substituído pelo seu suplente, Ângelo Diniz, o China (PSD), que votou favorável.
Os vereadores Luiz Cirilo (PSDB), Filipe Marchesi (PR) e Gilberto Cardoso, o Gilberto Vermelho (PSDB), foram sorteados como membros. Eles decidiram que o primeiro será o presidente, Marchesi será membro e Vermelho, o relator.
A CP tem prazo de 90 dias e começa a contar a partir da notificação do prefeito,.
A assessoria da prefeitura informou que a abertura da CP “trata-se de assunto interno da Câmara”. “A Prefeitura de Campinas reitera, de forma veemente, sua disposição de contribuir com a Justiça, como tem feito desde o início das apurações, tomando medidas administrativas assertivas, sempre diante dos fatos”.
