A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo denunciou pela segunda vez ontem o ex-diretor da Dersa (estatal rodoviária paulista) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, suspeito de ser operador do PSDB.
Desta vez, Souza é acusado de fraudes a licitações e cartel em obras do trecho sul do Rodoanel e do Sistema Viário Integrado. Outras 32 pessoas foram denunciadas pela Procuradoria.
A nova denúncia teve como base o acordo de leniência da Odebrecht com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Oito executivos da construtora delataram o caso em 2017.
Também foram usados como prova acordo da construtora Carioca homologado pela Justiça Federal de São Paulo e depoimento de dois executivos da Queiroz Galvão.
Foram denunciados, também, o atual Secretário de Aviação Civil do Ministério dos Transportes, Dario Rais Lopes, que foi presidente da Dersa e secretário estadual de transportes; o diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Mario Rodrigues Júnior, que foi diretor de engenharia na Dersa entre 2003 e 2007; e Marcelo Cardinale Branco, que ocupou a presidência da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo ) e foi secretário municipal de Infraestrutura e Obras entre 2006 e 2010.
Paulo Preto já é réu sob acusação de ter desviado R$ 7,7 milhões entre 2009 e 2011 das obras do Rodoanel Sul, construído durante os governos dos tucanos José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin.
Segundo a Procuradoria, nesse caso ele havia cometido crimes de peculato, formação de quadrilha e inserção de dados falsos em sistema público de informação.
O desvio teria ocorrido no programa de reassentamento das famílias que tiveram suas casas afetadas pela obra.
A defesa do ex-diretor tem negado que ele tenha cometido qualquer irregularidade. Ele chegou a ser preso duas vezes nos últimos meses, mas foi solto por habeas corpus concedidos pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.