sábado, 23 novembro 2024

País do faz de conta

Por Amauri de Souza

Depois do engodo gastronômico oferecido pela rede McDonald’s, com seu hambúrguer de picanha sem picanha e da Burger King, com o seu sanduíche Whopper Costela, também sem a iguaria bovina, a realidade brasileira parece ter um compromisso institucional com a mentira, com a deturpação da verdade, as falsificações e as fake news.

Que a malandragem sempre foi espécie de moeda corrente no Brasil não é novidade, pois ela já foi rotulada e explorada (à exaustão) em canções, poesias, teatros, filmes, novelas e outras tantas representações artístico-culturais. O bom malandro que o diga! Esperteza como senha para o meu pirão primeiro.

Mas, nas propagandas enganosas dos famigerados hambúrgueres, há como pano de fundo a mediocridade de um país que se deixa enganar em todos os quesitos. Aqui, pagamos somas vultosas de impostos, porém não temos o retorno dos tributos na medida ideal para sanar nossas mazelas. Há sempre um buraco a mais na rua, há sempre ruas a mais que precisam pavimento, há déficit de educação, habitação, saneamento básico, segurança… Há desemprego e inflação…

Enquanto isso, no ano em que a democracia precisa de um elegante traje de gala para o “banquete” do sufrágio que a tem por significado, duas forças políticas antagônicas se articulam numa escalada de retórica, ficando a população entregue aos inescrupulosos movimentos orquestrados, de ambos os lados, para disseminar inverdades.

O povo (eleitor) deve ficar alerta com a avalanche de mentiras e falsas promessas que virão na esteira das campanhas eleitorais, nos próximos meses.

Saborear um sanduíche com outro ingrediente principal, que não o especificado na propaganda, pode passar despercebido e ainda assim, apetitoso. Já, eleger um cidadão para comandar um país por quatro anos pode significar a mudança necessária no cardápio social ou uma completa indigestão civilizatória.

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