sexta-feira, 22 novembro 2024
ESPECIAL RACISMO

Cultura e negritude: os desafios de ser um artista negro na região

Quarto episódio da série de reportagens especiais em racismo traz três artistas de Americana e explora a relação entre a arte e as barreiras do preconceito
Por
Isabela Braz
Foto: Reprodução/WikiCommons

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística), 56% da população brasileira é formada por pessoas que se autodeclaram como negros. Mas ao falarmos de arte e de economia criativa, esses números se distanciam e escancaram em dados estatísticos uma diferença entre raças gritante na forma de se expressar.

No primeiro trimestre de 2023, de acordo com o Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, com dados baseados na PNAD Contínua, dos mais de 4,7 milhões de profissionais do setor cultural, apenas 8% (378.752) dos trabalhadores do país são negros, diferente da população branca, em que os números chegam a 58,92% (2.789.559). A população parda representa 31,55% desses trabalhadores (1.493.955).

No quarto episódio da série de reportagens especiais feita pelo TODODIA, os artistas e produtores culturais Eduardo de Abreu, conhecido como DZRMC; Rafael Alves, conhecido como Rafão R4 e Ed Cleiton, falam sobre as dificuldades de exaltar a cultura preta na região de Americana.

Eduardo e Rafael são músicos e produtores culturais de eventos que trazem para o público sucessos da cultura do hip hop e do funk, sendo a maior delas a festa “Black Mob”, uma festa que mistura os gêneros com muita dança e música desde 2017. Para ambos, ser artista negro em Americana e trabalhar para produzir festas que exaltem a cultura marginalizada por anos é um desafio.

“A gente tem que se provar a todo momento. E acho que não só sendo artista, também como parte de bastidor de produção cultural”, destaca Eduardo, “acho que é pela colonização da cidade mesmo, né? Eu falo que quem mora em Americana, acho que nem em Berlim as pessoas vão ser racistas igual”, diz.

“Aqui é diferente a pegada. Tem essa coisa de ser criado por americanos, tem a festa dos confederados até hoje, é diferente a pegada do rap aqui, eu sinto essa diferença”, complementa Rafael.

Para Ed Cleiton, que além de músico e produtor é dançarino (B-Boy), socioeducador e dreadmaker, a coletividade importa e faz parte da cultura negra, e esse trabalho de lutar contra o racismo deve ser feito na base – ou seja, começando a ensinar corretamente as crianças para não serem adultos racistas.

“Pra ser artista negro em Americana você tem que ser resistência, requer paciência, muito estudo, às vezes mais que uma pessoa branca. A gente tem que estar muito preparado porque as oportunidades não vêm e quando chegam a gente não tem chance de errar”, diz Ed.

Nesse episódio, além de conferir as diferenças de tratamento e as dificuldades no setor do entretenimento, seja em frente as câmeras, nos palcos ou por detrás das cortinas produzindo um evento, é possível entender a base e a importância do funk, do rap, do samba e de toda a formação da cultura nacional que foi fundada com o suporte de negros que foram colonizados em terras brasileiras.

Essas vivências podem ser conferidas no episódio completo pelos nossos canais digitais – 14.1 e 14.2 ou canal 8 da Inove –, por meio do streaming em tvtododia.com.br ou pelo canal do youtube em tvtododia.oficial.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também