De volta ao time do reality “The Voice Brasil” (Globo) após uma temporada afastado, Carlinhos Brown, 58, estava ansioso para a estreia das fases ao vivo do programa, que começaram ontem. “Tudo o que acontece nas Audições às Cegas e nas batalhas é um preparatório para quando a gente chega no ao vivo”, disse, por telefone, em entrevista à Folha de S.Paulo.
A partir desta terça-feira (24), os participantes iniciam a disputa da Rodada de Fogo, na qual se apresentam individualmente, mas são julgados em duplas ou trios pelos técnicos, que escolhem um deles para deixar a disputa. Esta fase vai durar duas semanas, após as quais o público começa a participar com voto pela internet. A final está programada para 17 de dezembro.
O músico confessa que, a partir de agora, o frio na barriga é maior, ainda mais para ele que gosta de fazer longos discursos antes de anunciar seus escolhidos. “Ficamos muito mais atentos, termina pensando até mais o que vai dizer e na ação que vai tomar”, avalia.
“Tiago [Leifert, apresentador,] fica brincando com a questão do tempo”, ri. “Rapaz, ele faz uma pressão danada. Mas, claro, ele não pode deixar o “timing” cair. Quando chega o ao vivo, então, tem que ser mais rápido, a gente não pode comer segundos, décimos.”
Ele diz, porém, que está confortável para fazer suas escolhas. “A segurança que nós temos quando chega nesta fase, é que o time já está todo mais conciso”, afirma. “A gente já teve as oportunidades de escolha.”
Brown, que emplacou a vencedora da primeira temporada da versão brasileira do programa (a cantora Ellen Oléria), conta que, brincadeiras à parte, não há -pelo menos da parte dele- uma competição paralela entre os técnicos. Michel Teló, por exemplo, venceu as cinco últimas temporadas, ou seja, venceu todas desde que foi incorporado ao corpo de jurados.
“Percebemos quando um artista chega no time e está bom para ganhar”, diz o cantor baiano. “Enquanto técnicos, trabalhamos para o artista crescer. Quando vemos um artista ali, não importa qual seja o time, a gente trabalha também para que ele seja vitorioso.”
Ele lembra que, no final, a vitória é definida pelo “quinto técnico”, que é o público. “Quando vemos que tem alguém de outro time com a possibilidade de vitória, apoiamos, mas não deixamos de apoiar os nossos vitoriosos”, defende. “Os semifinalistas de cada time devem se considerar vitoriosos, inclusive deveriam premiar eles também.”
Sobre as adaptações para que a temporada pudesse ocorrer em meio à pandemia, ele diz que a maior diferença foi mesmo a ausência do público presencialmente no estúdio. “Foi mais desafiador”, admite. “Nós gostamos de todas as vozes que estão ali, mas como detectar o carisma daquela pessoa? O público também ajudava nas escolhas. Muitas vezes a gente joga para o público, porque ele é o final.”
A expertise adquirida com a gravação da temporada será usada também para fazer um especial de Natal, a ser exibido no dia 24 de dezembro, com a participação de técnicos, ex-participantes e convidados especiais. Brown diz que achou a ideia inteligente, por aproveitar uma equipe que já está sendo testada para a Covid-19 com muita frequência e já está acostumada com os protocolos impostos pela pandemia.
“Não aguento mais levar cotonetada no nariz”, brinca. “Mas a gente vai poder entregar um Natal para as pessoas, estamos nos esforçando para entregar diversão e fazer o nosso melhor.” Ele diz que ainda aguarda mais detalhes da direção para saber como será sua participação.
O cantor também exalta a diversidade do programa, que além dele conta com a cantora Iza como técnica e com a atriz Jeniffer Nascimento como coapresentadora, além de candidatos de diversas origens. “Nós já estamos vivendo em ambientes propagativos – não apenas nas emissoras de TV – do efeito Ruth de Souza, do efeito Zezé Motta, do efeito Milton Gonçalves, do efeito Grande Otelo”, comemora.
“Cresci vendo eles defenderem esses espaços que precisavam ter mais pessoas como eles”, conta. “E, uma vez que passam a ter, precisamos ter gratidão para com eles. E também a percepção de que algo estava errado e alguém quer resolver. São as pessoas que acreditam na coesão, na paz, no não separatimo.”
“Não dá mais para viver dessa forma”, diz. “Estamos falando de todas as etnias, precisamos representar a todos. No Brasil, somos uma maioria vista como minoria. As oportunidades às vezes não aparecem nas nossas frentes por merecimento, isso frustra e faz com que gerações não se interessem por aprender mais e acabem virando vítimas de si mesmas.”
“É essa luz que precisamos lançar sobre o outro, esse respirar que precisamos lançar sobre o mundo, para ver que modo nós podemos diminuir essa violência que insiste e nos acomete”, afirma. “Isso não começou agora, mas somos nós que vamos mostrar neste agora que isso não deve mais acontecer.”