O SSPCIC (Serviço Social em Promoção da Cidadania Imaculada Conceição) já iniciou as atividades em caráter experimental, mais um projeto, que vai impactar a sociedade barbarense. Trata-se do “Projeto Tempo de Superação”, que atenderá os autores de agressão às mulheres, com o objetivo de interromper o ciclo da violência doméstica.
A irmã Maria Geni de Brito, coordenadora da “Casa Abrigo Recanto Vida”, que acolhe as mulheres vítimas de violência, informou que de cinco a oito homens já começaram a ser atendidos.
Esses homens se interessaram em participar da capacitação a partir de busca ativa, de procura espontânea e a partir de visitas feitas pelos psicólogos aos autores de violência doméstica. Nesta fase inicial, as reuniões estão sendo realizadas na sede da entidade, no Parque Zabani, em Santa Bárbara d´Oeste.
Posteriormente, as reuniões serão na sala de capacitação na sede da Guarda Civil de Santa Bárbara d´Oeste. Os homens denunciados pela lei Maria da Penha serão encaminhados pela Justiça e serão formados grupos fechados de 15 pessoas. O curso terá uma duração de 16 semanas com duas horas por encontro.
Os temas serão voltados para reflexão sobre o machismo visando sua desconstrução e reflexão sobre outras masculinidades. O coordenador do projeto, professor Antônio Vieira Neto, informou que são grupos reflexivos e não terapêuticos.
Os temas serão apresentados a partir da demanda de cada grupo. “Não há um perfil para cada grupo com relação a etnia, classe social, escolaridade, religião e contexto cultural. De uma forma geral esses homens cumprem medidas protetivas e a convocação para o grupo reflexivo seria aplicação de uma pena alternativa”, explicou Toninho.
Os profissionais envolvidos são dois psicólogos e uma assistente social. Toninho informou que os princípios éticos a serem adotados são de sigilo, respeito e não violência.
Pelas regras definidas pela entidade, pela Justiça e pela Prefeitura do município não poderão participar das formações homens autuados por homicídios, crimes sexuais ou que tenham deixado o sistema prisional recentemente.
Os agressores encaminhados pela Justiça não vão poder se apresentar às reuniões em estado alterado de consciência com consumo de álcool e drogas e quadros psiquiátricos graves sem acompanhamento médico.
Será obrigatória a presença em todas as reuniões. Em caso de faltas deverão ser justificadas e a reunião terá de ser reposta. A juíza terá o controle da frequência desses homens.
Para montagem do projeto, os envolvidos participaram de dois encontros com profissionais de Jundiaí e Atibaia e estão concluindo o curso “E agora, José?”, com duração de 80 horas voltados para facilitadores de grupos reflexivos.
Entre os temas e subtemas que serão abordados com os envolvidos estão:
1º Direito Das Mulheres 1- Acolhimento 2-Direitos das mulheres
2º Relações Afetivas 1- Emoções de Ciúme e traição 2- Relacionamento conjugal
3º Gênero 1- Infância 2- Adulto
4º Família 1- História de vida e transgeracionalidade 2- Paternidade
5º Prevenção à Violência 1- Identificar Comportamentos Violentos e Impulsividade 2- Prevenção à violência e Controle da raiva
6º Conflitos – Solução de conflitos – Comunicação não violenta
7º Machismo 1- Machismo 2- Tipos de masculinidade
8º Qualidade De Vida – Qualidade de vida – Álcool e drogas
9º Lei Maria Da Penha 1- História de Maria da Penha 2- Lei MP e Medidas Protetivas
10º Sociedade Contemporânea – Papel do homem – Papel da mulher
11º Violência Contra A Mulher – Violência contra a mulher – Feminicídio
12º Situação Jurídica – Aspectos processuais/ Direito de defesa – Honra masculina / Comportamento de risco
13º Preconceitos – Racismo – Homofobia
14º O Significado De Ser Homem – Construção sócio-histórica do patriarcado – Corpo, poder e dominação / Feminismo
15º Sexualidade – Saúde do homem – Sexualidade masculina
16º Avaliação – Autocuidado – Objetivos futuros
CASA ABRIGO
Além deste novo projeto, que começou em setembro, o SSPCIC também mantém a Casa Abrigo Recanto Vida, que acolhe há 11 anos as mulheres vítimas de violência e que correm risco de vida e seus filhos.
De janeiro a agosto deste ano, o Abrigo já acolheu 21 mulheres e 27 crianças. Em 2022, foram 25 mulheres hospedadas no abrigo e 43 crianças e adolescentes. De 2012 até agosto de 2023, a Casa Abrigo já acolheu 327 mulheres e 466 crianças e jovens, totalizando 793 pessoas.