Em meio a greves de funcionários do Metrô, Sabesp e da CPTM, contra a concessão de serviços públicos para a iniciativa privada, o Governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (3), afirmou que funcionários estão abusando do direito de fazer greves, caracterizando o movimento como de caráter “egoísta, abusivo e ilegal”.
Com apoio de 82% dos funcionários associados aos sindicatos dos Metroviários, dos Ferroviários e dos funcionários da Sabesp, a greve inicialmente tem pretensão de 24h de duração, mas segundo o presidente da CPTM, Pedro Moro, ainda não há certeza do retorno total dos serviços.
“Temos aí uma greve ilegal, uma greve abusiva, uma greve claramente política, que tem por objetivo a defesa de um interesse muito corporativo. Quem está entrando em greve está esquecendo do mais importante que é o cidadão”, iniciou o governador, que já havia criticado a greve em evento oficial na segunda-feira (2).
Além de considerar a greve egoísta, o governador defende que os grevistas não estão tendo respeito ao Poder Judiciário – que determinou que os trabalhadores da CPTM e Metrô deveriam operar com 100% do efetivo em horários de pico e 80% nos demais períodos.
Tarcísio afirmou que não há motivos para greve e que não foram iniciados processos de desestatização dessas linhas e serviços. “Existe um momento, existe a hora para se manifestar no processo, para dar contribuições, para mostrar a discordância, mas a discordância não pode ser motivo para paralisação”, afirmou Tarcísio.
Funcionam normalmente na data de hoje apenas restaurantes, postos móveis do Bom Prato e os serviços de segurança pública. Em nota a Sabesp afirma que não terá interrupção no fornecimento de água para a Capital.
“Transporte e saneamento não podem ser colocados nas mãos de quem só valoriza o dinheiro em detrimento da qualidade”, disse o sindicato dos ferroviários em nota nas redes sociais.
Greve nas universidades
Na manhã desta terça-feira, funcionários da Unicamp junto ao STU (Sindicato de Trabalhadores da Unicamp), aderiram à greve geral contra a privatização, assim como a USP (Universidade de São Paulo).
Segundo apurado pelo TODODIA, associados ao sindicato estão fechando portarias, reivindicando a recomposição salarial, a reestruturação das carreiras, a abertura de mesas setoriais, a defesa da Educação Pública, defesa da autonomia e o fim das intervenções.
A Universidade, que vem entrando em greve há algum tempo, reivindica também uma luta a favor de cotas para pessoas transgêneros e a não adequação dos pontos eletrônicos no trabalho.
Universitários do DCE (Diretório Central dos Estudantes da Unicamp), integraram a greve dos funcionários, em busca da defesa do desmonte e precarização – com escassez de funcionários, qualidade da alimentação e precarização na infraestrutura, principais reclamações de funcionários.
“Em um movimento histórico, os CA’s (Centros Acadêmicos) da saúde, engenharias, exatas, biológicas e humanas se uniram em defesa das pautas dos estudantes das universidades paulistas por melhorias de infraestrutura, contra o fechamento dos cursos, por maior acessibilidade para estudantes PCD’s, por contratação de professores, melhores condições de permanência, por cotas trans e pela luta antirracista e contra a perseguição dos estudantes que lutam. A USP já paralisou, agora chegou a vez da Unicamp”, manifestou o DCE em nota.
A Instituição manifestou apenas confirmando a mobilização de funcionários e estudantes na data de hoje. “A paralisação é estadual em protesto aos projetos de privatização do governo do Estado e em apoio ao movimento da USP, que pede a contratação de professores. Uma parte dos estudantes da Universidade aderiu a essa paralisação, com a adesão e apoio também do STU”, disse a Universidade.